"COP da verdade": Lula cobra "passar dos discursos para ações concretas"
Presidente destaca urgência climática e defende transição energética justa em texto publicado antes da cúpula de Belém
247 - Em um artigo divulgado simultaneamente em diversos jornais internacionais nesta quinta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um apelo contundente aos líderes mundiais para que abandonem os discursos vazios e passem à ação concreta diante da crise climática. A publicação antecede a Cúpula de Líderes que marcará a abertura oficial da COP30, em Belém do Pará, e busca reforçar o papel do Brasil como protagonista nas negociações ambientais.
De acordo com a Folha de S.Paulo, Lula advertiu que a falta de resultados práticos pode corroer a confiança global nas instituições multilaterais e na política internacional. “Se não conseguirmos passar dos discursos para ações concretas, nossas sociedades perderão a fé — não apenas na COP, mas no multilateralismo e na política internacional de forma mais ampla”, escreveu o presidente. Ele acrescentou que convocou os líderes para a Amazônia “para tornar esta a ‘COP da verdade’, o momento em que demonstraremos a seriedade do nosso compromisso comum com o planeta”.
O texto reafirma a importância simbólica de Belém como sede do encontro e enfatiza que a escolha permite ao mundo “testemunhar a realidade da Amazônia”. Lula voltou a defender o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa que propõe o uso de recursos públicos e privados para financiar a conservação ambiental. Segundo ele, o projeto é “inovador porque funciona como um fundo de investimento, e não como um mecanismo de doação”.
O presidente lembrou ainda que o Brasil foi um dos primeiros países a apresentar sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) para 2035, e instou outros governos a fazer o mesmo durante a conferência, que tem início oficial na próxima segunda-feira (10).
Lula também estabeleceu uma ligação histórica entre a COP30 e a ECO92, realizada no Rio de Janeiro há 33 anos, marco da diplomacia ambiental moderna. “Aprovamos as convenções sobre clima, biodiversidade e desertificação e adotamos princípios que definiram um novo paradigma para preservar nosso planeta e nossa humanidade”, recordou o presidente.
Ele ressaltou que, apesar dos avanços na redução das emissões e na ampliação das energias renováveis, os esforços ainda são insuficientes para conter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C previsto pelo Acordo de Paris.
Lula também destacou que o Brasil busca equilibrar sua política energética com a transição para fontes limpas. “Redirecionar as receitas da produção de petróleo para financiar uma transição energética justa, ordenada e equitativa será essencial”, afirmou. O presidente defendeu que as empresas petrolíferas, incluindo a Petrobras, “se transformarão em empresas de energia, porque um modelo de crescimento baseado em combustíveis fósseis não pode durar”.
Em tom diplomático, Lula reforçou sua crença no multilateralismo e na necessidade de uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, além da criação de um fórum climático permanente nas Nações Unidas. Ele destacou também que a justiça social deve ser o eixo central da luta contra o aquecimento global: “Devemos reconhecer que os setores mais vulneráveis da nossa sociedade são os mais afetados pelos impactos das alterações climáticas, razão pela qual os planos de transição justa e adaptação devem ter como objetivo combater a desigualdade”.


