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Washington não deveria se surpreender com a resposta “olho por olho” da China

Editorial do Global Times afirma que a política comercial dos Estados Unidos segue arbitrária e míope, e que Pequim apenas reage à coerção norte-americana

As bandeiras dos EUA e da China são vistas nesta ilustração (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

247 – O Global Times publicou um editorial afirmando que Washington “não deveria se surpreender” com a resposta firme da China às novas restrições impostas pelos Estados Unidos. O texto destaca que as recentes medidas norte-americanas — tarifas, controles e ameaças econômicas — reacenderam as tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.

De acordo com o editorial, o comportamento dos Estados Unidos, descrito como “montanha-russa”, revela a falta de coerência e visão estratégica de sua política comercial. “Washington ainda não aprendeu a lição — nem compreendeu a maneira correta de administrar suas relações com a China”, afirma o artigo publicado pelo Global Times.

Promessas rompidas e reações previsíveis

O texto destaca que o gatilho imediato para o novo impasse foi a quebra de promessas por parte dos Estados Unidos, um padrão já recorrente. O South China Morning Post também classificou a escalada recente como “outra rodada de medidas olho por olho desencadeadas por novas restrições tecnológicas americanas”, advertindo que o maior prejuízo é a perda de credibilidade de Washington.

A CNN descreveu o cenário como um “déjà vu”, lembrando que, poucos meses após o consenso alcançado em Genebra, em junho, o governo norte-americano lançou novas medidas unilaterais que voltaram a derrubar o nível de confiança entre as partes.

“Cooperação” sob condições unilaterais

Segundo o Global Times, alguns políticos dos Estados Unidos parecem entender “cooperação” como um arranjo em que Washington colhe todos os benefícios enquanto Pequim deve ceder e ainda arcar com os custos. O editorial observa que a “irritação e até a raiva” de certos líderes americanos diante das reações chinesas decorrem da quebra dessa ilusão, já que a China agora trata os Estados Unidos “em pé de igualdade”.

O texto ressalta que Washington superestima seu poder de coerção e subestima a capacidade de resposta e a serenidade estratégica da China — um erro que vem produzindo resultados concretos: “Após ameaçar elevar tarifas, os mercados de ações e moedas dos Estados Unidos despencaram, gerando pânico global e sombreamento sobre a economia mundial.”

Defesa de princípios e equilíbrio global

Para o jornal chinês, as medidas de Pequim não são apenas defesa de seus interesses legítimos, mas também de “equidade e justiça internacionais”. O editorial enfatiza que a coerção unilateral dos Estados Unidos invariavelmente provoca “contramedidas firmes” e que a lógica desse confronto já está consolidada: “quem lança uma repressão irracional deve arcar com as consequências correspondentes”.

O texto cita ainda que o presidente Donald Trump, atual líder dos Estados Unidos, adota uma postura errática e que suas táticas de pressão “não funcionam com a China”, pois qualquer negociação deve se basear em “respeito mútuo e confiança recíproca”.

Caminho para o entendimento

O editorial relembra que, nos últimos cinco meses, as equipes econômicas e comerciais da China e dos Estados Unidos realizaram quatro rodadas de negociações, alcançando consensos importantes e estabilizando o comércio bilateral. Esse processo, segundo o Global Times, demonstra que os dois países podem resolver divergências “com base em respeito mútuo e consulta em condições de igualdade”.

O jornal destaca quatro pontos que Washington deveria compreender:

  1.  Respeitar o direito legítimo da China ao desenvolvimento e à inovação tecnológica.
  2.  Reconhecer que o avanço chinês não implica prejuízo inevitável aos interesses norte-americanos.
  3.  Garantir que toda negociação resulte em benefícios mútuos.
  4.  Entender que a China jamais cederá a pressões ou chantagens.

Por fim, o editorial conclui que não há vencedores em guerras tarifárias ou comerciais e que a única via sustentável para o relacionamento sino-americano é a da “igualdade, respeito e reciprocidade”. “A China não busca confronto, mas nunca ficará de braços cruzados diante de ataques aos seus direitos ou da erosão das regras do comércio internacional”, afirma o texto. “Quanto mais cedo Washington retornar ao caminho certo, mais rápido os laços econômicos entre China e Estados Unidos poderão se reaquecer.”

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