O mundo nunca esteve tão interessado em compreender o que é a China
Editorial do Global Times destaca o crescimento do interesse internacional pela civilização chinesa
247 – A segunda Conferência Mundial de Estudos sobre a China teve início nesta terça-feira (14), em Xangai, com o tema “China histórica e contemporânea: uma perspectiva global”. O evento reúne cerca de 500 convidados de mais de 50 países e regiões, em um momento em que a globalização econômica enfrenta turbulências e o diálogo entre civilizações é posto à prova. A informação foi publicada em editorial do jornal Global Times (leia o original aqui).
De acordo com o editorial, “o mundo nunca esteve tão ansioso para entender o que é a China”. A publicação destaca que a influência internacional do país cresce de forma contínua, e que o interesse global por sua história, cultura e modelo de desenvolvimento reflete uma transformação profunda na relação entre a China e o restante do mundo.
Estudos sobre a China ganham dimensão global
Em 2023, o presidente Xi Jinping enviou uma carta de felicitações à conferência, enfatizando que “os estudos sobre a China não se limitam à China histórica, mas também à China contemporânea”. Para o jornal, essa visão de Xi demonstra a importância da área e serve de guia para o aprendizado mútuo entre civilizações e para o fortalecimento dos estudos sobre a China no cenário mundial.
O evento conta com um fórum plenário e cinco fóruns paralelos que abordam dimensões-chave do tema. As discussões, segundo o editorial, conectam a China antiga e a moderna, revelando um esforço intelectual do país em construir seu próprio sistema de conhecimento na nova era.
De “Sinologia” à China contemporânea
O texto observa que o crescimento global dos estudos chineses reflete uma mudança estrutural na forma como o mundo tenta compreender o país. Enquanto a Sinologia tradicional focava principalmente nos textos antigos e na civilização clássica, os atuais Estudos sobre a China ampliam o escopo para incluir o presente, passando de uma “China dos documentos” para uma “China em prática”.
O Global Times afirma que essa transformação simboliza uma mudança histórica na relação da China com o mundo: “Hoje, a China não é apenas objeto de pesquisa acadêmica, mas também um caminho e um método rumo à modernização”.
Um novo paradigma civilizacional
O editorial cita o historiador Arnold Toynbee, que observou que, entre mais de 20 civilizações surgidas nos últimos seis milênios, apenas a civilização chinesa sobreviveu sem interrupções. Xi Jinping, por sua vez, sintetizou cinco características fundamentais da civilização chinesa: continuidade, inovação, unidade, inclusão e natureza pacífica. Esses elementos, afirma o texto, são a base da confiança cultural do país e o alicerce para compreender sua contribuição singular ao mundo.
A publicação reforça que a modernização chinesa mostra que o progresso não precisa equivaler à ocidentalização e que a diversidade civilizacional é a verdadeira essência do desenvolvimento humano.
Um sistema de conhecimento próprio
Segundo o Global Times, assim como as potências ocidentais construíram seus próprios sistemas de pensamento durante suas ascensões, a China agora busca consolidar o seu. Nos Estados Unidos, por exemplo, os chamados “estudos americanos” floresceram na Segunda Guerra Mundial e amadureceram nos anos 1960, criando um arcabouço teórico para compreender e expressar o país.
Os estudos globais sobre a China, por sua vez, têm a missão de reconstruir a forma como o mundo enxerga o país, superando as distorções geradas por paradigmas ocidentais. O editorial cita como exemplo o Chinese Exclusion Act, aprovado nos EUA no século XIX, resultado direto de visões enviesadas e discriminatórias sobre os chineses.
Hoje, os estudos interdisciplinares e globais sobre a China buscam corrigir esses equívocos e estabelecer um diálogo civilizacional baseado na igualdade e no aprendizado mútuo.
Por fim, o texto ressalta que a própria Conferência Mundial de Estudos sobre a China simboliza o espírito de intercâmbio entre civilizações e o compromisso de Pequim com uma abordagem mais aberta e confiante nas relações internacionais. “A modernização chinesa criou uma nova forma de civilização humana e está ampliando os horizontes do progresso mundial”, conclui o editorial.



