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Tensões comerciais com Trump abrem espaço para Brasil e China ampliarem cooperação

Artigo de Filipe Porto destaca que tarifas podem impulsionar parcerias estratégicas em energia, agricultura, infraestrutura e tecnologia

Os presidentes Xi e Lula se cumprimentam durante a abertura da Cúpula China-Celac (Foto: Ricardo Stuckert)

247 – O agravamento das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos pode redefinir o posicionamento internacional do país e abrir caminho para uma maior aproximação com a China. Em artigo publicado no Global Times, o pesquisador Filipe Porto, da Universidade Federal do ABC, analisa que a decisão do presidente norte-americano Donald Trump de elevar em 40 pontos percentuais a tarifa sobre produtos brasileiros — atingindo 50% a partir de 1º de agosto — não se baseia em desequilíbrios comerciais.

Segundo Porto, trata-se de uma medida política. “O Brasil não é responsável por déficits na balança americana. Em 2024, os EUA registraram superávit de US$ 7,4 bilhões em comércio de bens com o Brasil”, afirma. Para o pesquisador, a ação do governo Trump reflete “uma postura eleitoral e simbólica”, reforçando alianças políticas, como a histórica aproximação com o ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto aumenta a pressão econômica sobre o Brasil.

China surge como parceira estratégica

O artigo de Filipe Porto ressalta que a disputa abre novas oportunidades de cooperação entre Brasil e China. Em setores como energia, empresas chinesas podem firmar contratos de longo prazo com produtores brasileiros, garantindo preços estáveis em um momento em que o petróleo do Brasil perde competitividade nos EUA.

No agronegócio, a redução do acesso ao mercado americano tende a estimular o fechamento de contratos antecipados com compradores chineses, assegurando maior previsibilidade financeira e fortalecendo produtos de alto valor agregado como café, castanhas, mel e suco de laranja — itens em sintonia com tendências de saúde e bem-estar no país asiático.

O setor de aço também é destacado por Porto como um ponto de convergência. Mineradoras brasileiras, como a Vale, poderiam ampliar a integração com siderúrgicas chinesas, diversificando fornecedores e reforçando a eficiência logística da indústria chinesa.

Infraestrutura e tecnologia em pauta

Outro campo de interesse mútuo é a infraestrutura. Segundo o artigo, regiões como Norte e Nordeste do Brasil, que enfrentam gargalos logísticos, podem atrair investimentos chineses em portos e ferrovias, financiados por instituições como o China Development Bank e o Exim Bank. Essas iniciativas se encaixam na Iniciativa Cinturão e Rota, alinhando diplomacia econômica e integração logística.

Na área tecnológica, o enfraquecimento da presença de empresas americanas no Brasil abriria espaço para plataformas chinesas de nuvem, pagamentos e serviços digitais expandirem suas operações, em parceria com telecomunicações, instituições financeiras e órgãos públicos brasileiros.

Porto conclui que, diante do cenário de incerteza e da postura unilateral dos EUA, a China reforça sua imagem de parceira estável e cooperativa, capaz de promover acordos de longo prazo e ganhos mútuos. “O momento é propício para aprofundar relações em comércio, investimentos e tecnologia, fortalecendo o papel do Brasil em uma rede global de cooperação Sul-Sul”, destaca o pesquisador no Global Times.

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