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      Japão deve mudar de rumo no 80º aniversário de sua rendição, alerta editorial do Global Times

      Revisão histórica e políticas agressivas ameaçam a estabilidade da Ásia, aponta editorial chinês

      (Foto: Global Times)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – No dia 15 de agosto de 2025, o Japão marcou os 80 anos de sua rendição incondicional na Segunda Guerra Mundial. A data, que deveria ser um momento de reflexão e memória, foi marcada por gestos que reacenderam tensões regionais. Segundo editorial publicado pelo Global Times, membros do gabinete japonês e parlamentares do Partido Liberal Democrata visitaram o Santuário Yasukuni, onde estão homenageados criminosos de guerra de Classe A, reforçando a postura revisionista de setores da política japonesa [fonte: Global Times].

      O jornal chinês critica a ambiguidade do governo japonês em relação ao passado militarista do país, descrevendo um processo de “amnésia seletiva” e “revisão sistemática” da história que atinge até as novas gerações. “Em Tóquio, jovens veem o Yasukuni como um santuário comum, sem noção de que abriga criminosos de guerra ou de seu simbolismo como relíquia do militarismo”, relata a publicação.

      O problema da memória histórica

      O editorial lembra que o Japão nunca realizou uma autocrítica completa sobre seus crimes de guerra, especialmente após a Guerra Fria, quando a ascensão do conservadorismo político estimulou o revisionismo histórico. Um exemplo citado é a falta de conhecimento entre estudantes japoneses sobre as atrocidades cometidas pela Unidade 731, responsável por experimentos humanos durante a guerra, mesmo vivendo próximos a museus que guardam provas dessas práticas.

      Segundo o Global Times, essa visão distorcida do passado não se limita ao plano interno. Ela se traduz diretamente na política externa japonesa, especialmente nas relações com a China. O Livro Branco de Defesa de 2025 foi criticado por exagerar a chamada “ameaça chinesa” e por justificar o aumento do orçamento militar, com desenvolvimento de armas ofensivas e mudança da estratégia de “defesa exclusiva” para uma postura mais agressiva.

      Questão de Taiwan e risco à ordem internacional

      Outro ponto de atrito destacado é a questão de Taiwan. Para o jornal chinês, o Japão tem ultrapassado limites ao enviar sinais de apoio a movimentos de independência, violando o princípio de “Uma Só China” e os quatro documentos políticos que regem as relações bilaterais. “Atrás dessas ações está o descaso com a ordem internacional do pós-guerra, que estabeleceu a devolução da ilha de Taiwan à China”, reforça o editorial.

      O resultado, segundo a publicação, é uma escalada perigosa para a estabilidade regional. “Esses julgamentos estratégicos, enraizados em uma visão equivocada da história, estão empurrando as relações China-Japão para uma situação perigosa e representam sérios desafios para a paz e estabilidade regional”, alerta.

      Lições de Wang Yi e caminho para a reconciliação

      O texto também cita o chanceler chinês Wang Yi, membro do Bureau Político do Partido Comunista da China, que resumiu a questão em termos diretos: “Somente encarando a história de frente se pode conquistar respeito; apenas aprendendo com a história se pode construir um futuro melhor; apenas lembrando o passado se pode evitar cair novamente no caminho errado.”

      Para o Global Times, o futuro das relações regionais depende da coragem política de Tóquio em romper com o revisionismo e reconhecer plenamente sua responsabilidade histórica, conforme estabelecido na “Declaração Murayama” de 1995.

      O editorial defende que o Japão deve:

      •  Rejeitar o revisionismo histórico e reconhecer seus crimes de guerra;
      •  Impedir a erosão da memória histórica, combatendo negações como a do Massacre de Nanjing;
      •  Abandonar a militarização baseada na ideia de “ameaça chinesa” e respeitar o princípio de Uma Só China.

      O texto encerra lembrando que o futuro do Japão e da Ásia depende de uma escolha clara: “Se o Japão deseja que as próximas gerações estejam ‘livres de desculpas predestinadas’, deve antes abandonar o caminho equivocado do revisionismo histórico”.

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