Global Times: Tarifas recíprocas mostram Taiwan como peão geopolítico dos EUA

247 – O novo pacote de “tarifas recíprocas” anunciado pelos Estados Unidos atingiu em cheio Taiwan, que foi incluída na faixa de 20% sem qualquer isenção. A informação foi divulgada em editorial do jornal chinês Global Times, que denuncia a política do presidente Lai Ching-te como submissa a Washington e prejudicial à população taiwanesa. O jornal observa que a promessa de tratamento semelhante ao concedido ao Japão e à Coreia do Sul foi desmentida na prática, enquanto a tarifa reforça o isolamento político e econômico de Taipei diante do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu segundo mandato.

Segundo o Global Times, citado pelo South China Morning Post, para tentar reduzir a alíquota antes de sua entrada em vigor, em 7 de agosto, Taipei teria de fazer “concessões drásticas”. A imprensa local questiona que tipo de sacrifícios o governo do Partido Democrático Progressista (DPP) está disposto a oferecer apenas para obter uma “tarifa misericordiosa” de 20%, perguntando: “Que parte de nossa carne econômica teremos de cortar – e podemos pagar por isso?”.

O editorial é contundente ao apontar que os Estados Unidos tratam Taiwan como um simples “peão” descartável. Enquanto o território mantém tarifas médias de apenas 2% sobre importações, segundo cálculos da consultoria Evercore citados pelo Wall Street Journal, Washington age de forma unilateral, cobrando altos preços por seu apoio político. O texto ressalta que a postura servil do governo de Lai só incentiva novas exigências: “Quanto mais obsequiosa e submissa se mostra a autoridade de Taiwan, mais Washington toma e exige”.

O jornal recorda episódios recentes em que Taiwan cedeu em questões estratégicas, como a importação de carne suína com ractopamina, compras maciças de armamentos e até a transferência de setores tecnológicos sob o pretexto de “consultas técnicas”. Durante as negociações tarifárias, segundo o Politico, os negociadores norte-americanos “espremiam Taiwan como um limão”, em uma demonstração de arrogância e desprezo por qualquer noção de parceria equilibrada.

O impacto político interno também é visível. Pesquisas divulgadas em 31 de julho apontam queda recorde na popularidade de Lai e em sua taxa de confiança pessoal desde que assumiu o cargo. A percepção crescente entre a população é de que Taiwan está sendo tratada “como um caixa eletrônico dos EUA”, enquanto as oportunidades econômicas locais se esvaem. Jovens taiwaneses têm expressado indignação nas redes sociais, denunciando o colapso do “mito pró-EUA” e o alto custo da dependência de Washington.

O Global Times adverte que, ao insistir na estratégia de “independência” sustentada por apoio externo, o DPP conduz Taiwan a um beco sem saída. A interdependência econômica entre o território e o continente chinês, baseada em cadeias produtivas e tecnológicas integradas, poderia gerar prosperidade para ambos os lados do Estreito. No entanto, a aposta em um alinhamento automático com os Estados Unidos está resultando em tarifas, perda de competitividade e erosão da base industrial local.

Para o jornal, a atual crise tarifária desmascara as ilusões cuidadosamente construídas pelo governo Lai e serve de alerta à sociedade taiwanesa: “Enquanto oferece as duas faces para serem esbofeteadas, Taiwan sacrifica seu próprio futuro”.