Parceria entre Brasil 247 e Global Times

HOME > Global Times

Debates intensos na ONU expõem urgência da reforma da governança global

Editorial do Global Times destaca relevância da Iniciativa de Governança Global proposta pela China em meio a crescentes divisões internacionais

O presidente Lula discursa na Assembleia-Geral da ONU - 23/09/2025 (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 – A 80ª Sessão da Assembleia Geral da ONU (UNGA) abriu seus debates em Nova York em 23 de setembro de 2025, em meio a fortes divergências políticas entre as principais potências globais. O tema central da reunião, que marca também os 80 anos de fundação da ONU, acabou sendo menos de celebração e mais de alerta sobre a crise na governança internacional. As informações são do Global Times.

Logo na abertura, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que “a multipolaridade sem instituições multilaterais eficazes leva ao caos” e defendeu que “cooperação internacional não é ingenuidade”. Suas palavras ecoaram em um ambiente marcado por choques diretos entre visões opostas de governança global: de um lado, a lógica hegemônica e unilateral, que instrumentaliza organismos multilaterais; de outro, a defesa do multilateralismo genuíno, sustentado na igualdade soberana, solidariedade e cooperação.

A crise da governança global

Segundo o editorial, o sistema internacional atual enfrenta três deficiências estruturais:

  1.  Sub-representação do Sul Global, que ainda tem pouca voz nos organismos internacionais;
  2.  Erosão da autoridade da ONU, muitas vezes ignorada por grandes potências;
  3.  Falta de efetividade, diante da incapacidade de responder de forma ágil aos desafios globais.

Essa crise foi intensificada pela recusa dos Estados Unidos em realizar pagamentos ao orçamento regular da ONU, aprofundando as dificuldades financeiras da instituição. O Washington Post observou que a organização enfrenta “crises que provocam divisões cada vez mais profundas”.

O papel histórico da ONU e seus limites atuais

Ao longo de oito décadas, a ONU aprovou mais de 40 mil resoluções, consolidando um sistema de regras que ajudou a manter relativa estabilidade internacional. O Global Times ressalta que o sucesso da ONU não se deve a uma “polícia mundial”, mas ao consenso em torno de princípios como paz, democracia, cooperação e solução pacífica de conflitos.

Entretanto, quando esses princípios são enfraquecidos, a capacidade da ONU de atuar também se reduz. Esse foi um dos pontos mais debatidos nesta edição da Assembleia, na qual alguns países chegaram a questionar a relevância da instituição e rejeitaram o atual sistema internacional, causando “choque” e ampla controvérsia.

A proposta chinesa: Iniciativa de Governança Global

Nesse contexto, o editorial destaca a importância da Iniciativa de Governança Global (GGI) apresentada pela China, que surge em um momento de fragilidade dos mecanismos multilaterais. A proposta defende:

  •  igualdade soberana entre os Estados;
  •  respeito ao direito internacional;
  •  multilateralismo efetivo;
  •  enfoque centrado nas pessoas;
  •  ações concretas para enfrentar crises globais.

A iniciativa busca não demolir a estrutura existente, mas torná-la mais adaptada às necessidades atuais, aumentando a representatividade, a eficácia e a legitimidade do sistema multilateral.

Desenvolvimento como eixo central

O Global Times ressalta ainda que a ascensão do unilateralismo e do protecionismo tem prejudicado a cooperação internacional e enfraquecido o crescimento econômico global. Diante disso, o editorial defende a centralidade do desenvolvimento como prioridade da ONU e do sistema internacional, com foco em ampliar o “bolo do crescimento” por meio da cooperação entre as nações.

As quatro grandes iniciativas apresentadas pela China – incluindo a de governança global – ganharam ressonância justamente por se alinharem ao desejo comum da maioria dos países por paz, desenvolvimento e cooperação.

Conclusão: ONU deve ser fortalecida, não descartada

O texto conclui que, em um mundo cada vez mais turbulento, o fortalecimento da ONU e de seus princípios fundadores é mais necessário do que nunca. Reformar o sistema internacional não significa começar do zero, mas adaptá-lo às novas realidades.

A Iniciativa de Governança Global, segundo o editorial, oferece um caminho inspirado em valores de desenvolvimento pacífico e cooperação, capazes de reunir apoio crescente da comunidade internacional. “As colisões intensas” desta Assembleia, observa o texto, representam um chamado da época para uma reforma urgente e inclusiva da governança global.

Artigos Relacionados

Carregando anúncios...