China reforça compromisso com sistema multilateral de comércio e não buscará novo tratamento especial na OMC
Decisão evidencia liderança da China no comércio global e apoio ao multilateralismo em meio ao avanço do protecionismo internacional
247 – A China anunciou que não buscará novos mecanismos de tratamento especial e diferenciado nas negociações atuais e futuras da Organização Mundial do Comércio (OMC). A decisão foi divulgada pelo primeiro-ministro Li Qiang durante reunião de alto nível da Iniciativa de Desenvolvimento Global (GDI), realizada paralelamente ao debate geral da 80ª Assembleia Geral da ONU. A notícia foi publicada originalmente pela Xinhua News Agency e repercutida pelo Global Times.
Li destacou que, como um grande país em desenvolvimento responsável, a China não pretende reivindicar novas concessões. A declaração recebeu elogios imediatos da diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, que afirmou: “Este é o resultado de muitos anos de trabalho árduo e quero aplaudir a liderança da China nesta questão.”
Compromisso com o multilateralismo
Li Chenggang, representante internacional de comércio da China e vice-ministro do Comércio, explicou em coletiva do Ministério do Comércio (MOFCOM) que a medida reflete considerações internas e externas, além de consolidar a posição chinesa como defensora da governança global.
Segundo o vice-ministro, a decisão irá “impulsionar a liberalização e a facilitação do comércio e dos investimentos em todo o mundo, além de injetar novo fôlego na reforma do sistema de governança econômica global.”
Ele ressaltou ainda que, desde a adesão à OMC em 2001, a China usufruiu legitimamente do tratamento especial destinado a países em desenvolvimento, mas sempre atuou de forma pragmática e voluntária para contribuir com os acordos multilaterais.
Críticas ao protecionismo e às guerras comerciais
Li Chenggang alertou que o sistema multilateral de comércio enfrenta desafios severos devido ao avanço do unilateralismo e do protecionismo. “Certos países lançaram repetidas guerras comerciais e tarifárias, prejudicando os direitos legítimos dos membros da OMC, desestabilizando a ordem econômica e trazendo incertezas para o crescimento global”, afirmou.
Em resposta a esse cenário, a decisão chinesa é vista como demonstração de responsabilidade global. “A China continua sendo o maior país em desenvolvimento e sempre estará ao lado do Sul Global”, reforçou o vice-ministro.
Perspectivas para a reforma da OMC
Durante a mesma coletiva, Han Yong, diretor do Departamento de Assuntos da OMC do MOFCOM, destacou três pontos que permanecerão inalterados: o status da China como país em desenvolvimento, a defesa dos direitos de outros membros em desenvolvimento e o compromisso com a liberalização do comércio e dos investimentos.
Han acrescentou que Pequim continuará a se opor com firmeza ao unilateralismo e ao protecionismo, mantendo a defesa dos princípios fundamentais da OMC, como a não discriminação.
Responsabilidade global e desenvolvimento inclusivo
Especialistas ouvidos pelo Global Times afirmaram que a decisão reforça a responsabilidade da China como a segunda maior economia do mundo. Cong Yi, professor da Escola de Administração de Tianjin, destacou que Pequim abre mão de vantagens adicionais para deixar mais recursos públicos a países em maior necessidade. “A China continua a aderir estritamente aos princípios da OMC, ao mesmo tempo em que avança em medidas de abertura unilateral e voluntária para apoiar a estabilidade do comércio global”, afirmou.
Com essa postura, a China reafirma sua liderança em favor da globalização e da cooperação internacional, enviando um recado claro contra o isolacionismo que ameaça o sistema multilateral.