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      Consumo de energia da China supera 1 trilhão de kWh e reforça papel global da transição econômica

      Marca histórica evidencia vitalidade econômica e avanço da transição energética chinesa, aponta editorial do Global Times

      Energia eólica e solar na China (Foto: VCG)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – Em julho, a China alcançou pela primeira vez na história mundial a marca de mais de 1 trilhão de quilowatts-hora (kWh) em consumo mensal de eletricidade, chegando a 1,02 trilhão de kWh — um aumento de 8,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. A informação foi publicada em editorial do Global Times (leia aqui).

      O jornal destacou que esse patamar inédito não apenas reflete o impacto das altas temperaturas e da intensa atividade econômica, mas também simboliza a força do processo de transformação estrutural e de desenvolvimento de alta qualidade da economia chinesa. “O consumo de eletricidade em tal escala é resultado combinado da vitalidade econômica da China e da resiliência de seu sistema de fornecimento de energia”, apontou o editorial.

      Eletricidade como termômetro da economia

      O consumo de energia é considerado um “barômetro” da atividade econômica. O recorde de julho coincide com a elevação da confiança internacional no desempenho chinês: o Fundo Monetário Internacional (FMI) aumentou em 0,8 ponto percentual sua previsão de crescimento para o país em 2025, enquanto o índice composto de Xangai atingiu o maior nível em quase uma década.

      O texto enfatiza que, mesmo diante do pico de demanda provocado pelo calor extremo, a rede elétrica chinesa mostrou solidez, com múltiplas fontes de energia operando em conjunto para garantir fornecimento estável.

      Transformação estrutural e setores em destaque

      O avanço não se limitou ao volume total de energia consumida. Houve também mudanças significativas na estrutura do consumo:

      •  Setor primário: a agricultura registrou salto de 20,2%, impulsionado pela modernização e pela adoção de equipamentos eletrificados, como sistemas de irrigação inteligentes.
      •  Setor secundário: indústrias de alta tecnologia e de manufatura de equipamentos ampliaram seu peso no consumo, enquanto setores tradicionais de alta intensidade energética mostraram desaceleração.
      •  Setor terciário: os serviços digitais e a mobilidade elétrica puxaram a alta, com destaque para internet, recarga e troca de baterias.

      Essa reconfiguração revela, segundo o Global Times, um processo consistente de upgrading industrial, com foco em inteligência e sustentabilidade.

      Base verde e impacto global

      O editorial ressaltou que o marco histórico está diretamente ligado ao avanço da transição energética. Em julho, as fontes renováveis — como solar, eólica e biomassa — representaram quase um quarto da matriz elétrica chinesa.

      Um especialista em clima dos Estados Unidos, citado pelo jornal, classificou a estabilização das emissões de carbono da China como “um momento de significado global”. Ele afirmou: “Mostra que um país pode reduzir emissões e, ao mesmo tempo, crescer economicamente”.

      Segundo estimativas, o consumo anual de eletricidade da China deve crescer entre 5% e 6% em 2025, podendo ultrapassar 13 trilhões de kWh até 2030. Para efeito de comparação, apenas um mês de consumo chinês já equivale ao gasto de energia de todos os países da ASEAN em um ano.

      Da vida cotidiana à liderança mundial

      Além da indústria, o salto no consumo também está ligado à transformação dos hábitos da população. O uso residencial subiu 18% em julho, com províncias como Henan e Shaanxi registrando altas superiores a 30%. O aumento está associado não apenas ao calor, mas também à rápida expansão de eletrodomésticos, veículos elétricos e dispositivos inteligentes.

      Shenzhen, por exemplo, tornou-se a primeira cidade do mundo com mais estações de recarga ultrarrápida do que postos de gasolina. Já Hangzhou transformou um antigo polo siderúrgico em um parque de manufatura inteligente, simbolizando a integração entre desenvolvimento verde e modernização industrial.

      Significado estratégico

      Para o Global Times, a “eletrificação em alta velocidade” da China tem implicações que vão além de suas fronteiras. O processo mostra que uma megapotência pode crescer de forma sustentada enquanto avança na descarbonização, reduz custos globais de novas tecnologias e amplia a previsibilidade na governança climática internacional.

      “O marco de 1 trilhão de kWh não é apenas uma nota de rodapé na economia da China, mas também uma oportunidade compartilhada para a transição verde e o crescimento sustentável em escala global”, conclui o editorial.

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