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      Comércio global mergulha em incerteza com tarifas dos EUA “praticamente definidas”

      Novas medidas do presidente Donald Trump ampliam tensão com parceiros comerciais e podem gerar impactos negativos para a economia mundial

      Presidente dos EUA, Donald Trump, dá detalhes sobre tarifas no Rose Garden da Casa Branca em Washington, D.C. (Foto: REUTERS/Carlos Barria)
      Redação Brasil 247 avatar
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      247 – O comércio internacional entra em uma nova fase de incerteza diante da confirmação de que a mais recente rodada de tarifas impostas por Washington deve permanecer em vigor. A informação foi publicada pelo Global Times, que destacou entrevista do representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, ao programa Face the Nation, da CBS, neste domingo (3).

      Greer afirmou que as tarifas estão “praticamente definidas” para mais de 60 parceiros comerciais, após o presidente Donald Trump assinar uma ordem executiva na semana passada alterando alíquotas sobre importações de 69 países. Segundo o Global Times, analistas internacionais avaliam que o movimento ameaça desacelerar o crescimento econômico global e pode gerar efeito boomerang sobre a própria economia americana.

      Tarifas elevadas e risco de retaliações

      De acordo com a ordem executiva divulgada pela Reuters, os novos tributos incluem 35% sobre produtos canadenses, 50% sobre mercadorias brasileiras, 25% sobre itens da Índia e 39% sobre exportações da Suíça. As tarifas passam a valer em 7 de agosto, prazo considerado curto para qualquer negociação que possa reduzi-las.

      A reação dos países afetados foi imediata. O ministro suíço da Economia, Guy Parmelin, declarou que as tarifas de 39% podem levar a Suíça à recessão e antecipou que o gabinete suíço realizaria uma reunião de emergência para definir uma resposta antes da entrada em vigor das medidas. O ministro canadense Dominic LeBlanc disse que uma conversa entre Trump e o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, deve ocorrer “nos próximos dias”, mantendo aberta a possibilidade de acordo para reduzir tarifas.

      No Canadá, Carney já havia demonstrado desapontamento com a decisão americana e prometeu medidas para “proteger empregos, investir em competitividade industrial, comprar produtos canadenses e diversificar mercados”, segundo o Global Times.

      Pressão estratégica e cenário político

      Especialistas chineses e estrangeiros ouvidos pelo Global Times avaliam que os Estados Unidos usam as tarifas como instrumento de pressão disfarçada sobre parceiros comerciais e como vitrine política doméstica. Zhang Monan, vice-diretora do Instituto de Estudos Americanos e Europeus do Centro Chinês de Intercâmbio Econômico Internacional, afirmou que a estratégia atual “rasga o quadro multilateral coordenado que antes era liderado pela OMC” e busca forçar países a aceitarem concessões rápidas.

      Park Seung-chan, presidente da Federação Coreia-China, disse ao jornal que a urgência das medidas evidencia seu caráter performático. Segundo ele, Washington não exige apenas negociações tarifárias, mas pressiona também por grandes compromissos de investimento dentro dos EUA.

      Impactos econômicos e alerta para os próximos meses

      Os primeiros reflexos negativos já aparecem na economia americana. Dados do Departamento de Estatísticas Trabalhistas (BLS) mostram que, em julho, foram criados apenas 73 mil empregos não agrícolas, bem abaixo da previsão de 104 mil, elevando a taxa de desemprego para 4,2%. O Global Times destacou que o resultado provocou nova tensão após Trump anunciar a demissão da chefe do BLS, Erika McEntarfer, acusando-a de falsificar números sem apresentar provas — decisão criticada por economistas e parlamentares, que alertam para o risco de perda de credibilidade dos dados oficiais.

      Para Dean Baker, cofundador do Centro de Pesquisa Econômica e de Políticas Públicas (CEPR), citado pelo jornal, o cenário é preocupante: “Com crescimento lento do emprego e dos salários, o consumo tende a ser fraco. O investimento não deve preencher essa lacuna, o que provavelmente resultará em nova fraqueza econômica”.

      Zhang Monan prevê que os efeitos em cadeia das tarifas poderão ser sentidos ainda no terceiro e quarto trimestres deste ano, com queda na liquidez do comércio global e aceleração da fragmentação das cadeias industriais. Para a especialista, a combinação de incerteza política e protecionismo agressivo tende a prejudicar simultaneamente os Estados Unidos e seus parceiros comerciais, ampliando os riscos de desaceleração global.

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