China repudia tarifas de 100% dos EUA e acusa Washington de sabotagem econômica
Pequim denuncia padrões duplos dos EUA e diz que sanções unilaterais ameaçam a estabilidade do comércio global
247 - A decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 100% sobre produtos chineses provocou forte reação de Pequim, que classificou a medida como uma ameaça deliberada e desprovida de racionalidade. Para a China, trata-se de mais uma demonstração da política de intimidação praticada por Washington, que, sob o pretexto de proteger sua “segurança nacional”, adota mecanismos unilaterais que desestabilizam a economia internacional.
Segundo o jornal Global Times, um porta-voz do Ministério do Comércio da China (MOFCOM) declarou neste domingo (12) que “ameaças deliberadas de tarifas elevadas não são a maneira certa de se relacionar com a China”, reforçando que o país não deseja uma guerra comercial, mas não recuará diante de ataques econômicos.
Padrões duplos e abuso de poder
O repúdio chinês foi enfático ao denunciar o que chamou de “padrões duplos” dos EUA. O porta-voz destacou que, enquanto Washington mantém uma lista de controle de exportações que abrange mais de 3.000 itens, a lista chinesa é limitada a cerca de 900. Além disso, os EUA aplicam a regra “de minimis” com limite de 0%, prática que amplia a capacidade de punir e restringir empresas estrangeiras de forma arbitrária.
“As observações dos EUA refletem os típicos padrões duplos. Há muito tempo, os EUA abusam do conceito de segurança nacional, adotam controles discriminatórios contra a China e impõem sanções unilaterais que atingem toda a cadeia global de suprimentos”, criticou o representante do MOFCOM.
Sabotagem das negociações bilaterais
Pequim recordou ainda que, desde as negociações de Madri em setembro, Washington adotou uma série de novas sanções em apenas 20 dias. Entre elas, a inclusão de empresas chinesas em listas “negras” e a expansão de regras de controle que afetam milhares de companhias. Para a China, tais atitudes equivalem a uma sabotagem das tratativas em curso.
“As ações dos EUA prejudicaram gravemente os interesses da China e minaram a atmosfera das negociações econômicas e comerciais bilaterais”, frisou o porta-voz, acusando os norte-americanos de ignorarem a boa-fé chinesa.
Recado firme de Pequim
O repúdio da China foi acompanhado de um aviso claro: se Washington mantiver a postura agressiva, a resposta será proporcional. “Se os EUA insistirem em seguir o caminho errado, a China certamente tomará medidas resolutas para proteger seus direitos e interesses legítimos”, afirmou o representante.
Pequim também exigiu que os Estados Unidos respeitem os consensos estabelecidos entre os dois chefes de Estado, preservem os resultados obtidos em consultas anteriores e retomem o diálogo em bases de respeito mútuo.
Crítica contundente ao unilateralismo
A crise revela o isolamento de Washington, que, ao apostar em tarifas punitivas e controles arbitrários, demonstra desrespeito não apenas à China, mas ao sistema multilateral de comércio. O unilateralismo norte-americano enfraquece regras internacionais, ameaça cadeias produtivas e cria instabilidade para mercados de todos os continentes.
A posição de Pequim, ao mesmo tempo firme e crítica, ecoa como um repúdio categórico ao que é mais um episódio de abuso de poder dos Estados Unidos – uma tentativa de impor sua vontade à custa da segurança econômica global.



