China critica confisco pela Holanda de empresa de semicondutores
Associação da indústria de semicondutores da China condena intervenção do governo holandês na Nexperia e alerta para riscos à cadeia global de produção
247 – A Associação da Indústria de Semicondutores da China (CSIA) condenou de forma veemente a decisão do governo da Holanda de intervir na fabricante de chips Nexperia, de propriedade chinesa. Em comunicado publicado nesta terça-feira (14) na conta oficial da entidade no WeChat, a associação afirmou que a medida é discriminatória e fere os princípios de um mercado global justo. As informações foram divulgadas pelo jornal Global Times.
No texto, a entidade destaca que “se opõe ao abuso do conceito de ‘segurança nacional’ e à imposição de restrições seletivas e discriminatórias a filiais estrangeiras de empresas chinesas”. A CSIA afirmou ainda que apoia suas associadas “na defesa de seus direitos e interesses legítimos, na preservação de um ambiente de negócios justo, equitativo e não discriminatório, e na manutenção da estabilidade da cadeia industrial global”.
A associação expressou “séria preocupação” com a decisão holandesa, destacando que o episódio atraiu grande atenção dentro da indústria global de semicondutores. “Medidas discriminatórias contra empresas específicas minam o ecossistema global de semicondutores, que deve ser aberto, inclusivo e colaborativo, e nós nos opomos firmemente a isso”, declarou a CSIA.
Segundo o comunicado, a entidade continuará acompanhando o caso, ouvindo seus membros e expressando as preocupações da indústria chinesa “por todos os canais legítimos” diante da comunidade internacional.
Decisão da Holanda e reação chinesa
O governo da Holanda anunciou no domingo (12) uma “decisão altamente excepcional” para intervir na Nexperia, subsidiária da empresa chinesa Wingtech, alegando que a companhia “poderia representar um risco à segurança econômica holandesa e europeia”. Na prática, a medida foi interpretada por analistas como uma forma de confisco político disfarçado de proteção nacional.
A resposta da China foi imediata. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lin Jian, declarou que o país “se opõe à ampliação indevida do conceito de segurança nacional e à adoção de ações discriminatórias contra empresas de determinados países”, pedindo aos governos envolvidos que respeitem os princípios de mercado e evitem politizar questões comerciais.
Riscos para a cadeia global de semicondutores
O episódio ocorre em meio a uma disputa crescente entre o Ocidente e a China no campo tecnológico, especialmente no setor de semicondutores, considerado estratégico para a economia digital e a segurança nacional. Estados Unidos e aliados europeus vêm impondo sucessivas restrições ao acesso chinês a equipamentos e tecnologias avançadas.
Especialistas alertam que a fragmentação da cadeia global de suprimentos de semicondutores pode ter efeitos negativos em toda a economia mundial, comprometendo a produção de eletrônicos, veículos e sistemas de comunicação.
A China, por sua vez, tem intensificado investimentos para fortalecer sua autossuficiência tecnológica e reduzir a dependência de componentes estrangeiros, reafirmando seu compromisso com um sistema comercial aberto, justo e cooperativo.



