Articulação de Lula com China e Índia ganha destaque no Global Times
Presidente brasileiro critica unilateralismo de Trump, promete acionar os BRICS contra tarifas e diz que não se humilhará para negociar com os EUA
247 – A articulação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma resposta coordenada dos BRICS às tarifas impostas pelos Estados Unidos ganhou destaque nesta quinta-feira (7) no Global Times. A matéria repercute entrevista concedida por Lula à Reuters, na qual ele afirmou que pretende conversar com os líderes da China e da Índia para discutir os impactos das novas tarifas norte-americanas e possíveis medidas conjuntas.
Segundo a Reuters, Lula declarou que não vê espaço para um diálogo direto com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, neste momento. “O dia em que minha intuição disser que Trump está disposto a conversar, não hesitarei em ligar para ele. Mas hoje minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”, afirmou o presidente, durante a entrevista concedida em sua residência oficial, em Brasília.
O chefe de Estado brasileiro classificou a decisão de Trump como parte de uma estratégia para enfraquecer o multilateralismo. “O que o presidente Trump está fazendo é tácito — ele quer desmontar o multilateralismo, onde os acordos são feitos coletivamente dentro de instituições, e substituí-lo por um unilateralismo, no qual ele negocia um a um com os países”, disse Lula.
Na conversa com a Reuters, o presidente indicou que buscará construir uma reação coletiva com os BRICS — grupo que atualmente reúne Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros membros recém-incorporados. “Vou tentar discutir com eles sobre como cada um está lidando com essa situação, quais são as implicações para cada país, para que possamos tomar uma decisão”, afirmou. “É importante lembrar que os BRICS têm dez países no G20”, completou, ressaltando o peso geopolítico do grupo.
Ainda segundo a Reuters e a agência Xinhua, Lula abordou o tema durante uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, na terça-feira (5), em Brasília. Ele classificou a atitude dos EUA como “injusta” e defendeu que o Brasil responderá com um plano de contingência e medidas legais junto à Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo brasileiro estima que cerca de 35,9% dos bens exportados ao mercado norte-americano foram atingidos, o que representa aproximadamente 4% do total das exportações do país.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, segundo a Associated Press, afirmou que os EUA “violaram flagrantemente compromissos-chave assumidos na OMC”, como o princípio da nação mais favorecida e os tetos tarifários acordados. Por isso, o país formalizou um pedido de consultas na OMC, como primeiro passo para contestar legalmente as tarifas impostas por Washington.
O aumento para até 50% das tarifas foi anunciado por Trump em carta enviada a Lula no dia 9 de julho, segundo reportou a Al Jazeera. Diferente de comunicados anteriores sobre tarifas, o documento incluiu críticas ao governo brasileiro por conta do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.
A movimentação diplomática de Lula em busca de aliados como China e Índia indica a disposição do Brasil em se posicionar firmemente no cenário internacional e reafirmar a importância da atuação multilateral frente ao avanço do isolacionismo norte-americano.
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