Prisão de Hytalo Santos completa um mês e Gaeco assume caso
Influenciadores são acusados de tráfico humano e exploração sexual infantil. Justiça negou transferência para penitenciária em SP
247 - Os influenciadores digitais Hytalo Santos e Israel Nata Vicente chegaram nesta segunda-feira (14) à marca de um mês de prisão. Segundo o jornal O Globo, a investigação, que até agosto era conduzida pelas promotorias de Bayeux e João Pessoa, passou a ser centralizada pelo Grupo de Combate ao Crime Organizado da Paraíba (Gaeco-PB).
Os dois foram detidos em 15 de agosto, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, sob acusações de tráfico humano e exploração sexual infantil. No fim do mês, ambos foram transferidos para o presídio do Róger, em João Pessoa, considerado a principal unidade de custódia de presos provisórios do estado. A defesa, chefiada pelo advogado Felipe Cassimiro, declarou ao g1 que “os clientes são inocentes” e que aguarda decisão judicial sobre diversos pedidos de soltura.
Presídio superlotado e rotina sob custódia
O Complexo Penitenciário do Róger abriga atualmente cerca de 890 presos, número 27% superior à capacidade máxima de 700, conforme dados da Secretaria de Administração Penitenciária da Paraíba. A unidade, que possui oito pavilhões, dispõe de uma cela específica para detentos LGBTQIA+.
Desde a chegada, Hytalo e Israel estavam em período de reconhecimento, restritos a contatos com advogados. A partir deste domingo, eles poderão receber visitas familiares, até então limitadas apenas ao envio de suplementos. A defesa havia solicitado transferência para a Penitenciária de Tremembé, em São Paulo — conhecida por custodiar figuras públicas —, mas o pedido foi negado pela Justiça.
Acusações e investigações em andamento
Hytalo Santos já era investigado pelo Ministério Público da Paraíba desde 2024, em processos que envolvem denúncias de tráfico humano, exploração sexual e “adultização” de adolescentes em conteúdo digital. Ele também foi citado em um vídeo do youtuber Felca, que expôs práticas de exploração infantil em redes sociais, repercutindo amplamente e motivando debates legislativos sobre o tema.
Na decisão que determinou a prisão preventiva, a promotora Ana Maria França, da 2ª Promotoria de Bayeux, argumentou:
“O acusado pratica ‘adultização’ de adolescentes, consistente na indução precoce a comportamentos e performances sexualizadas, empregada como estratégia deliberada de engajamento digital e rentabilização econômica. Ainda que sob aparência de lazer, tal conduta traduz utilização indevida da imagem de menores com finalidade lucrativa”.
De acordo com as investigações, o influenciador mantinha jovens em uma “mansão” sob tutela informal, oferecendo apoio financeiro às famílias em troca da participação nos conteúdos. Um policial militar ouvido pelo Ministério Público do Trabalho relatou que “Hytalo fica com todo o dinheiro dos contratos de publicidade fechados pelos adolescentes e demais integrantes da turma”, acrescentando que os jovens não recebiam qualquer remuneração direta.
As autoridades sustentam que, caso estivesse em liberdade, o influenciador poderia destruir provas e deixar o estado ou até o país. O processo segue em segredo de Justiça.