“Venezuela é a vanguarda da libertação colonial”, diz Breno Altman
Jornalista analisa em Caracas o peso histórico do bolivarianismo na identidade nacional e sua relação com o chavismo atual
247 - Em entrevista ao Bom Dia 247, direto de Caracas, o jornalista Breno Altman afirmou que a Venezuela ocupa um papel singular na história da América Latina: ser a “pia batismal” da libertação colonial. Segundo ele, o legado de Simón Bolívar e das lutas contra o domínio espanhol ainda marca profundamente a consciência coletiva do país e explica parte da mobilização popular diante de ameaças externas.
“A libertação anti espanhola nasceu na Venezuela. O grande personagem da libertação anticolonial da América Hispânica é um venezuelano, Simón Bolívar. Isso perpassa a consciência que os venezuelanos têm de si próprios”, destacou Altman.
Bolívar e a formação nacional
O jornalista lembrou que os exércitos de Bolívar foram formados majoritariamente por camadas populares e chegaram a enfrentar batalhas em que metade dos combatentes tombava. Além de derrotar os colonizadores, o processo trouxe conquistas sociais relevantes, como a abolição antecipada da escravidão no país. “Foi a primeira vez na história sul-americana que o conceito de nação se encontrou com o de povo”, explicou, apontando que esse vínculo se tornou parte da identidade política e cultural da Venezuela.
O chavismo como continuidade histórica
Na visão de Altman, o chavismo resgatou esse legado bolivariano e o transformou em fio condutor da política contemporânea. “O chavismo se estabeleceu como um fio da história entre as batalhas lideradas por Bolívar e a atualidade”, disse. Essa ligação, segundo ele, reforça a percepção de que o país tem uma missão histórica de liderança nos processos de resistência latino-americana.
O jornalista também destacou que essa cultura política é incomparável na região, exceto em Cuba, onde o patriotismo popular também assume papel central. No caso venezuelano, o símbolo da defesa da pátria não são as cores nacionais, mas o vermelho chavista.
Orgulho nacional e mobilização popular
Altman observou ainda que, mesmo diante de crises econômicas e políticas, a população mantém alto grau de confiança no governo e reage de forma mobilizada diante de ameaças externas. Ele citou como exemplo o ingresso de setores críticos ao chavismo em milícias populares de defesa. “É o meu país, disse um funcionário que antes criticava o governo, mas decidiu se inscrever numa milícia. Essa reação em torno da pátria é muito forte, mais intensa do que no Brasil”, relatou Altman.
A Venezuela como referência regional
Para o jornalista, a centralidade do bolivarianismo na formação política do país explica por que a Venezuela continua a se enxergar como vanguarda continental. “Eles foram a vanguarda da libertação anticolonial. Isso é um motivo de orgulho nacional muito antigo e permanece vivo”, concluiu. Assista:


