Rui Costa Pimenta: até Trump tentou se segurar em Lula
Na análise semanal, dirigente do PCO diz que Israel virou “pária internacional” e avalia que até o presidente Trump buscou aproximação com Lula na ONU
247 – Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, afirmou que o isolamento internacional de Israel “chegou ao fundo do poço” e que a conjuntura mundial expõe uma crise estrutural do imperialismo. As declarações foram dadas na análise política semanal publicada em 26 de setembro de 2025 na TV 247; o conteúdo original pode ser visto aqui: “Rui Costa Pimenta: ‘Até o Trump tentou se segurar no Lula’” (fonte: YouTube)
No programa,Rui comentou a vaia a Benjamin Netanyahu na Assembleia-Geral da ONU, a atuação do presidente Lula no debate multilateral e os desdobramentos políticos no Brasil e na Argentina. Ele também criticou o punitivismo judicial no país e a política de juros altos.
Israel “pária internacional” e a crise do imperialismo
Rui avaliou que a ofensiva israelense em Gaza tornou-se insustentável política e moralmente:
“Eles estão sustentando aí uma situação que é insustentável”
“Eles estão no tudo ou nada nesse momento”
Para ele, a continuidade do conflito aprofunda a instabilidade nos países centrais:
“Nos países imperialistas europeus, isso já é uma causa de desestabilização política dos regimes. E nos Estados Unidos está se formando uma maioria também contra o genocídio em Gaza”
Segundo Rui, a perseguição ao Hamas não terá desfecho militar e forçará uma saída traumática para o bloco ocidental:
“Como eles não vão conseguir erradicar o Ramá, vai ter que… encontrar uma solução e essa solução vai ser uma grande crise para o imperialismo”
Lula na ONU e o pragmatismo internacional
Ao avaliar a participação de Lula na Assembleia-Geral, Rui destacou o contraste entre a credibilidade do presidente brasileiro e a crise dos líderes do eixo ocidental:
“O que eu vi principalmente é que todo mundo queria tirar fotografia com Lula… porque o pessoal tá todo em crise… Até o Trump fez essa jogada num certo sentido”
Ele pondera, contudo, que o discurso de Lula tem forte componente retórico:
“Ele falou de Gaza, mas ele também não faz nada sobre Gaza… Mas de qualquer maneira… coloca o Lula como representante de ideais civilizatórios”
Rui rechaçou a hipótese de substituição de Jair Bolsonaro como interlocutor preferencial de Trump por Lula:
“Eu acho que não. Não tem motivo para isso”
Economia mundial em declínio
Em sua leitura de conjuntura, Rui vinculou o quadro geopolítico à estagnação capitalista:
“A crise é uma crise econômica do capitalismo… O capitalismo tá numa rota descendente… a economia capitalista só vai afundar”
Milei, Argentina e o recuo do receituário neoliberal
Sobre a situação argentina, Rui separou o fracasso do governo Javier Milei do desempenho da extrema direita europeia:
“O que tá fracassando na Argentina não é a extrema direita em si, é a política neoliberal… É um fracasso econômico”
Brasil: direita dividida, STF e imunidade parlamentar
Rui avaliou que a direita segue sem unificação em torno de Tarcísio de Freitas e que o “episódio Bolsonaro” permanece aberto. Ele criticou o viés punitivista e a erosão de prerrogativas do Legislativo:
“A imunidade parlamentar é um instituto democrático tradicional… O Congresso brasileiro tá totalmente desarmado nesse sentido”
“Essa reivindicação é para fortalecer o controle do STF sobre o Congresso”
Sobre liberdade de expressão, fez um alerta:
“Hoje no Brasil a extrema direita que defende a liberdade de expressão. Deram para ela de presente… Eu defendo a liberdade de expressão, sempre defendi”
Juros, câmbio e Banco Central
Rui atacou os juros elevados e diferenciou a postura do atual comando do BC da gestão anterior, ainda que com críticas:
“Nenhum país aguenta essa taxa de juros por muito tempo… é um crime contra o país”
“Discordo da taxa de juros… Mas não acho que seja exatamente igual a política… do Campos Neto. O Campos Neto era um cara que era um sabotador"