"Quinta-coluna que existe no Brasil não existe na China nem na Rússia", Breno Altman
Breno Altman aponta que elite brasileira pró-EUA é o elo mais fraco do Brics e pressiona Lula a recuar em pautas estratégicas
247 - Durante participação no Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman afirmou que os Estados Unidos intensificam a pressão sobre o Brasil para enfraquecer o Brics e favorecer aliados internos, como o ex-presidente Jair Bolsonaro. Segundo ele, o país é visto por Washington como o ponto mais vulnerável do bloco devido à atuação de setores empresariais e políticos alinhados aos interesses norte-americanos.
"Essa quinta-coluna que existe no Brasil não existe na China, evidentemente, não existe na Rússia e é mais fraca na Índia e na África do Sul do que no Brasil", declarou Altman. "Isso faz com que o governo norte-americano veja o Brasil, e vê com razão, como o elo mais fraco do Brics."
O jornalista afirmou que a influência pró-EUA permeia as classes dominantes brasileiras, os meios de comunicação e parte da estrutura política, o que, em sua avaliação, oferece a Donald Trump — atual presidente norte-americano — confiança para apostar que, sob forte pressão, essas elites “trairão o país” e induzirão o governo a ceder em temas estratégicos, como a desdolarização e a ampliação da parceria com países não alinhados a Washington.
Altman relacionou essa conjuntura ao movimento recente de autoridades norte-americanas e parlamentares ligados a Bolsonaro que, segundo ele, buscam enfraquecer a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) em investigações contra o ex-presidente. Embora reconheça que parte das pressões tenha como objetivo proteger Bolsonaro, o jornalista considera que o foco central é reposicionar o Brasil dentro da esfera de influência dos EUA e, com isso, conter o avanço de China e Rússia na América Latina.
Para ele, as pressões externas já ecoam internamente:
"Já começa a pressão nos meios de comunicação, das associações empresariais, dos porta-vozes do capital, dos fundos financeiros... Presidente Lula seja mais moderado, ceda, negocie, ofereça as terras raras, ofereça saída à desdolarização, não brigue com os Estados Unidos."
Altman alertou ainda que a resistência a esse movimento exige coesão política e defesa ativa da soberania brasileira, pois, segundo ele, o país desempenha papel central no fortalecimento do Brics. Caso contrário, adverte, as elites pró-EUA poderão influenciar mudanças na política externa e econômica, abrindo espaço para retrocessos no alinhamento internacional construído nos últimos anos. Assista: