“Prisão de Bolsonaro prova que a Justiça tarda mas não falha”, afirma André Janones
Deputado destaca papel de Alexandre de Moraes e diz que Brasil pode se tornar exemplo global de resistência democrática ao extremismo
247 - Em entrevista ao Boa Noite 247, o deputado federal André Janones (Avante-MG) afirmou que a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, representa um marco na luta contra o autoritarismo e a impunidade no Brasil. “Prisão de Bolsonaro prova que a Justiça tarda mas não falha”, declarou.
A prisão foi determinada em razão do descumprimento reiterado de medidas cautelares impostas anteriormente pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no contexto do inquérito que investiga a trama golpista de 2022. Bolsonaro teria utilizado redes sociais de terceiros — incluindo as contas de seus filhos — para divulgar mensagens, violando as restrições judiciais. A decisão de Moraes incluiu o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas e apreensão de celulares na residência do ex-presidente.
Durante a conversa, Janones reconheceu o peso institucional do momento: “É difícil ter maturidade emocional para não levar pro lado da comemoração. Parece final de Copa do Mundo”, disse. No entanto, o parlamentar reforçou que o sentimento de celebração não se deve a um revanchismo político, mas ao reconhecimento da atuação firme do Judiciário diante de ameaças à democracia. “Hoje é um grande dia, um dia pra gente celebrar a coragem do ministro Alexandre de Moraes [...] mostrando ao Bolsonaro e a toda essa turma da extrema direita que nós não somos, como o presidente Lula disse ontem, uma republiqueta.”
Ao longo da entrevista, o deputado também criticou a articulação internacional do bolsonarismo e o uso da soberania nacional como moeda de troca. Para ele, a tentativa de Eduardo Bolsonaro de envolver o governo de Donald Trump em uma ofensiva contra o Supremo brasileiro demonstra a disposição da extrema direita em colocar interesses pessoais acima das instituições democráticas. “Eles jogam na latrina a dignidade dos Estados Unidos, a soberania do nosso país [...] como se disputas políticas estivessem acima das instituições, e não estão.”
Janones fez uma distinção entre eleitores e militantes radicais, e avaliou que parte do eleitorado conservador já começa a se distanciar do bolsonarismo. “O bolsonarista é o fanático, é o doente. Mas o eleitor que oscila entre o centro e a direita começa a abandonar o barco”, afirmou. Ele citou como exemplo o impacto do “tarifaço” no orçamento das famílias, sugerindo que medidas econômicas impopulares podem acelerar o desgaste do grupo político de Bolsonaro.
Para além da conjuntura imediata, o deputado apontou que o Brasil pode desempenhar um papel global na resistência ao avanço do extremismo. “O Brasil pode dar um exemplo pro mundo de como vencer esses radicais e de como fortalecer um regime democrático diante de tantas ameaças”, afirmou. Segundo Janones, essa possibilidade dependerá da construção de uma comunicação popular eficiente e contínua, que dispute a narrativa com a extrema direita: “A resposta passa por uma comunicação mais direta, mais simples, mais popular [...] É sentar no chão da fábrica.”
Ele defendeu a permanência do campo progressista “em cima do palanque” mesmo após os períodos eleitorais, criticando o afastamento de setores estratégicos, como a classe artística. Para o parlamentar, a extrema direita possui um ecossistema de comunicação mais ativo, composto por políticos, influenciadores e setores religiosos. “Nós temos que ficar quatro anos em cima do palanque, quatro, oito, doze, vinte, pra controlar a narrativa e não deixar ela nas mãos deles.”
Ao final da entrevista, Janones reiterou sua confiança nas instituições brasileiras e projetou um desfecho histórico para o momento político atual: “Talvez, daqui a um tempo, nós dois vamos estar aqui olhando e falando assim: ‘Olha, o caminho foi esse. O STF se manteve com altivez diante das posturas do Trump. O presidente Lula não baixou a cabeça. E nós temos agora a receita para mostrar pro mundo como salvar a democracia’.” Assista:
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: