"Ocupação foi criminosa e Hugo Motta saiu desmoralizado", diz José Genoino
Ex-presidente do PT afirma que ação de deputados da extrema direita na Câmara ameaça a democracia e expôs fragilidade da presidência da Casa
247 - Em entrevista ao Bom Dia 247, o ex-presidente do PT, José Genoino, classificou como “criminosa” a ocupação da mesa diretora da Câmara dos Deputados por parlamentares da extrema direita. Para ele, o episódio, ocorrido em meio a uma tentativa de obstruir a pauta do governo, representou uma afronta direta ao funcionamento do Poder Legislativo e deixou o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), “desmoralizado”.
Genoino lembrou que o regimento e a liturgia parlamentar permitem protestos, discursos duros e até abandono do plenário, mas não a interrupção das atividades. “Você pode falar, sair do plenário, virar as costas, gritar. Agora, impedir o funcionamento é um ato criminoso”, afirmou. Segundo ele, caberia a Motta adotar medidas imediatas: “Ou ele não entrava no plenário ocupado ou mandava retirar os deputados e só assumia a mesa depois. O plenário e a mesa são símbolos do poder”.
O ex-deputado citou precedentes históricos para reforçar o argumento. Recordou que, durante a transição da ditadura para a democracia, houve episódios em que a presidência da Câmara se recusou a conduzir trabalhos com galerias ocupadas. “Imagina o plenário. Aquilo ali foi o 8 de janeiro de gravata. Os engravatados resolveram fazer o que foi feito na Praça dos Três Poderes”, comparou.
Para Genoino, a atitude de Motta em assumir a presidência mesmo com a mesa tomada comprometeu sua autoridade. “O presidente de um poder representa a liturgia. Quando ele entra daquela maneira, sendo barrado por um segurança que era deputado, a desmoralização é total”, avaliou. Ele também alertou para o risco de a Câmara ser usada para aprovar “pautas-bomba” contra o governo, citando o exemplo do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
Genoino associou o episódio a uma estratégia mais ampla da extrema direita para inviabilizar o governo Lula e influenciar as eleições de 2026. Segundo ele, a articulação tem respaldo externo: “Eles têm a retaguarda dos Estados Unidos. Não é por acaso que, depois de um ato como esse, vem nota da embaixada americana”.
O ex-presidente do PT defendeu reação política e social. “Não podemos ficar em berço esplêndido. É fundamental que partidos progressistas promovam atos e manifestações democráticas e pacíficas. O presidente Lula deveria usar cadeia de rádio e TV para alertar sobre os riscos à democracia”, afirmou. Para Genoino, a mobilização popular e a defesa da soberania nacional devem caminhar juntas. “Estamos diante de um processo de aprofundamento da crise para impedir a reeleição de Lula. É uma espécie de golpe continuado que começou em 2016 e segue em curso”, concluiu. Assista:
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