“O governo tem que colocar o povo na rua para defender o Brasil”, diz Breno Altman
Para o jornalista, resposta à ofensiva de Donald Trump exige mobilização popular articulada com o projeto de soberania nacional
247 - Durante participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman defendeu que a reação do governo Lula às sanções econômicas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não deve se limitar ao plano institucional. Segundo ele, é imprescindível envolver a base social em uma mobilização ampla para defender a soberania do país e aproveitar a atual conjuntura para fortalecer medidas populares.
A criação do comitê interministerial anunciado por Lula para enfrentar os impactos econômicos do chamado “tarifaço” foi classificada por Altman como uma medida correta, mas incompleta. “Sinto a falta da Secretaria-Geral da Presidência da República nesse comitê, que é a secretaria que estabelece as relações com os movimentos sociais”, afirmou. Para ele, a ausência desse elo entre o governo e os setores populares representa um risco de limitar a resposta à crise a atores institucionais, sem mobilização de base.
“O governo tem um papel na mobilização popular”, disse Altman, ao destacar que sindicatos e partidos estão enfraquecidos e que o Executivo deve assumir a liderança na convocação da sociedade civil. “Tem que colocar sua base na rua, tem que dar uma cor popular à defesa do país e não uma cor predominantemente elitista, empresarial.”
Altman argumentou que a conjuntura atual, marcada pela impopularidade da medida de Trump inclusive entre setores conservadores, cria uma “janela de oportunidade” para o avanço de pautas estruturais, como justiça fiscal, fim da jornada 6x1, investimentos em soberania digital e revisão das metas do arcabouço fiscal. “Criou-se uma nova correlação de forças no país. Não é estável, é momentânea, mas pode ser aproveitada para o governo avançar numa série de medidas sem maiores problemas parlamentares”, explicou.
Ao comentar as manifestações realizadas no último dia 10 de julho, Altman afirmou que foram um “bom ensaio”, especialmente em São Paulo, onde, segundo dados do Observatório da USP, o ato progressista reuniu 15 mil pessoas — mais do que a última mobilização bolsonarista no mesmo local. No entanto, ele criticou o fato de os protestos ocorrerem em dias úteis: “Incompreensível. Você convoca manifestações no meio da semana quando você tem uma greve geral. Senão, é evidente que é mais fácil um trabalhador abdicar de algumas horas de descanso no domingo do que faltar ao trabalho para ir a uma manifestação.”
Diante do novo cenário político, ele propôs que partidos de esquerda e movimentos sociais formem um comitê permanente, à semelhança do criado pelo governo, com calendário de lutas e palavras de ordem unificadas que articulem a defesa da justiça tributária com a soberania nacional. “A janela de oportunidade não é apenas para o avanço programático. É para colocar o povo em movimento, para fazer com que o povo defenda a nação.”
Altman também comentou a mudança do slogan oficial do governo federal de “União e reconstrução” para “Brasil soberano”, classificando a alteração como um acerto: “Foi uma resposta muito correta no plano da propaganda, depois do ataque de Donald Trump ao país, depois desse tarifaço anunciado como forma de pressão pela absolvição de Jair Bolsonaro e seus cúmplices”.
Segundo ele, a tentativa da extrema direita de capitalizar politicamente a medida fracassou. “A esquerda cresceu com a medida do Trump, porque a questão da soberania nacional voltou imediatamente ao primeiro plano. O Trump deu um presente de Natal ao presidente Lula.” Assista:
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