“O Brasil tem que parar de baixar a cabeça para os Estados Unidos”, diz Jards Macalé
Em entrevista ao Giro das Onze, cantor defendeu que o país renegocie sua relação com os EUA e recupere o respeito pela própria soberania
247 - O músico Jards Macalé participou de uma edição especial do programa Giro das Onze, transmitido pela TV 247. Durante a entrevista, o artista abordou temas políticos e culturais, destacando a necessidade de o Brasil repensar suas relações com os Estados Unidos.
Segundo Macalé, a relação bilateral ainda está marcada por um “complexo de vira-lata”, em que o país se coloca em posição de submissão diante da potência norte-americana. “O Brasil, Estados Unidos tem que renegociar tudo, a compensar pelo brasileiro, parar de baixar a cabeça para americano”, afirmou.
Críticas a Donald Trump e defesa da soberania brasileira
O cantor também comentou as recentes declarações do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, dirigidas a Luiz Inácio Lula da Silva. Para ele, o episódio simboliza um comportamento inadequado e serve de alerta para o Brasil manter firmeza diplomática. “Eu acho que o Lula devia denunciar o Trump por assédio, né? Aquilo ali é assédio sexual”, declarou.
Macalé enfatizou que o Brasil deve se posicionar de forma autônoma nas relações internacionais, sem aceitar imposições externas. “Nós somos uma nação inteira, pô. Nós somos, pô, campeões do mundo, não? E a copa do mundo tá aí, todo mundo. A melhor música do mundo, melhor futebol do mundo. Nós somos o país do brasileiro do mundo. É só se respeitar”, disse.
O papel da cultura e da política
Durante a entrevista, o músico lembrou que o fortalecimento da identidade nacional passa também pela valorização da cultura. Para ele, a formação política da sociedade brasileira se relaciona diretamente com as expressões culturais. “Eu acho que a formação política de uma pessoa passa inevitavelmente pela cultura. Mesmo que ela não saiba que aquilo ali é cultura, ela tá participando da história do Brasil”, afirmou.
Ao relembrar episódios de engajamento cultural durante a ditadura, como o “Banquete dos Mendigos”, organizado em 1973, Macalé reforçou que os artistas têm papel fundamental na defesa da democracia. “Se não entrar a cultura nessa história, os artistas para segurar essa bronca, como foi na ditadura, a gente não vai conseguir avançar”, concluiu.
Sinais de mudança
Para o cantor, o cenário recente mostra sinais de reação da sociedade contra práticas políticas nocivas. Ele citou como exemplo a rejeição popular à chamada “PEC da cafajestagem”, que acabou sendo barrada no Senado. “O povo brasileiro acordou”, disse Macalé, destacando que esse movimento de mobilização precisa ser acompanhado de uma afirmação cultural forte e inclusiva.
A entrevista reforçou a visão de Jards Macalé de que a soberania brasileira passa tanto pela postura diplomática firme quanto pelo reconhecimento da cultura como pilar de resistência e identidade nacional. Assista: