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“É preciso reformular a ONU para que ela tenha força”, diz Lula

Presidente brasileiro defende o fim do direito de veto e uma governança global mais representativa

Lula na ONU (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

247 – Em entrevista coletiva concedida ao fim de sua participação na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a urgência de uma reforma profunda nas Nações Unidas. A reportagem é da Agência Gov. Segundo o presidente, a organização precisa estar conectada à geopolítica de 2025 para cumprir o papel para o qual foi criada há 80 anos.

Lula enfatizou que os principais desafios atuais da humanidade – como o combate à fome e à pobreza, o desenvolvimento econômico, a mediação de conflitos e a luta contra a crise climática – só podem ser enfrentados de forma efetiva com um multilateralismo robusto.

“Todos vocês sabem que defendo uma governança mundial mais forte. É por isso que temos brigado há muito tempo para que a ONU seja reformulada, desde o estatuto até a composição, porque está mal representada. A fotografia de 2025 do mundo não é mais a de 1945. É preciso ter mais países, é preciso acabar com o direito de veto. Quando a gente tomar uma posição, que tiver uma votação, é preciso que todos cumpram”, afirmou.

Mediação de conflitos e o papel da ONU

O presidente alertou que muitos dos conflitos em curso no planeta se prolongam pela ausência de mediação eficaz. “A ONU é da humanidade, então é preciso que a gente reformule a ONU para que ela tenha força de evitar guerras como em Gaza, como na Ucrânia. De evitar essa quantidade de conflitos espalhados pelo mundo hoje, e, ao mesmo tempo, a gente tomar decisão para resolver a questão do clima, que pode levar o ser humano a se transformar no primeiro animal vivo capaz de destruir o seu habitat natural”, declarou.

Apesar dos desafios, Lula considerou positiva a presença do Brasil no encontro. “Eu penso que essa reunião tem uma importância gratificante para o Brasil. Nós queríamos reforçar na ONU a ideia do multilateralismo, da democracia e a nossa COP30, em Belém, na Amazônia, no meio de novembro”, afirmou.

Durante três dias em Nova York, o presidente participou de eventos voltados para o Fundo de Florestas Tropicais, discutiu as metas de NDCs, reuniu-se com líderes de 16 países, encontrou-se com a presidenta do Peru, o secretário-geral da ONU e o rei e a rainha da Suécia, além de defender a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina. Também se reuniu com o presidente Volodymyr Zelensky para discutir caminhos para a paz entre Rússia e Ucrânia.

Críticas à desigualdade e gastos militares

Em suas declarações, Lula criticou os altos investimentos militares em contraste com a persistência da fome, que ainda atinge 670 milhões de pessoas. “Não é normal a quantidade da desigualdade que ainda existe, de gênero, de raça, de comida, de oportunidades. Cabe à gente usar os recursos que conseguirmos produzir em cada economia para fazer do planeta um habitat para todos os seres humanos, e não apenas para alguns privilegiados”, disse.

O presidente também celebrou o fato de o Brasil ter saído pela segunda vez do Mapa da Fome durante sua gestão. “É uma demonstração de que se todos os governantes colocarem o pobre dentro do orçamento, a gente acaba com a pobreza rapidamente”, concluiu.

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