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Terras raras: Lula diz que Brasil não será mero 'exportador de minérios' na relação com os Estados Unidos

Presidente brasileiro afirmou na ONU que está disposto a discutir exploração de minerais críticos com o governo Trump

Donald Trump e Lula (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert/PR)

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quarta-feira (24) que aceita discutir a exploração de minerais críticos e terras-raras com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em reunião marcada para a próxima semana. A fala foi feita em entrevista coletiva concedida na sede da ONU, em Nova York, e divulgada pelo Valor Econômico.

Segundo Lula, a única condição inegociável é que o Brasil não se limite a ser fornecedor bruto de recursos. “Nós discutimos com o mundo inteiro terras-raras e minerais críticos. Queremos que empresas que queiram explorar, vão ao Brasil explorar. O que não queremos é ser apenas exportador de minérios. O Brasil vai assumir responsabilidade pela sua riqueza”, afirmou. Ele acrescentou que vem se aprofundando no tema para não ser “enganado”: “Estou estudando muito sobre minerais críticos e terras-raras que é para ninguém me enganar. Brasil não quer ser isolado do mundo. Se estabelecermos acordo com empresas, serão bem-vindos parceiros de qualquer parte do mundo”.

Encontro com Trump

Lula revelou que não há restrições de pauta para a reunião com o presidente norte-americano. “Eu disse a Trump que não tem limite para a nossa conversa, tem que ser acordo de ganha-ganha. Não tem pressa para essa reunião com Trump, será quando ele achar que pode conversar”, afirmou.

Na semana anterior, os dois presidentes já haviam se encontrado durante a abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas. Na ocasião, Trump elogiou Lula e disse ter sentido uma “química” entre eles. O encontro serviu para alinhar a reunião bilateral que ocorrerá nos próximos dias.

Pressão econômica e resposta estratégica

A sinalização de Lula é interpretada como um gesto em direção à Casa Branca. Nos bastidores, o governo norte-americano teria manifestado interesse em discutir o tema como possível contrapartida para rever medidas de tarifaço impostas a produtos brasileiros.

Em paralelo, o presidente brasileiro anunciou que pretende reforçar o papel do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), trazendo-o para a estrutura central do governo. “O CNPM vai funcionar ligado ao umbigo do presidente da República”, disse, ao defender que a gestão dos recursos minerais não seja entregue a interesses estrangeiros.

Brasil e o desafio da soberania mineral

A estratégia anunciada por Lula insere-se em um contexto global em que minerais críticos e terras-raras são considerados insumos estratégicos para setores de alta tecnologia e transição energética. Ao condicionar parcerias ao desenvolvimento industrial interno, o governo sinaliza que não pretende repetir padrões de dependência histórica da economia brasileira.

A expectativa agora recai sobre a reunião da próxima semana, que poderá definir os rumos da cooperação Brasil-EUA nesse setor estratégico.

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