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      Lenio Streck: "Ou você é brasileiro e está contra Trump ou você é um traidor"

      Jurista aponta ingerência dos EUA no Judiciário brasileiro e responsabiliza bolsonarismo por abrir caminho à pressão externa

      (Foto: Divulgação | REUTERS/Kent Nishimura)
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      247 - Durante sua participação no programa Boa Noite 247, o jurista e professor Lenio Streck criticou duramente a ingerência do governo dos Estados Unidos sobre instituições brasileiras, com foco na inclusão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na lista de sanções da chamada Lei Magnitsky. Para Streck, a medida representa uma forma de chantagem política e um ataque direto à soberania nacional. “Ou você é brasileiro e está contra Trump ou você é um traidor”, afirmou.

      Streck argumentou que a ação dos Estados Unidos não pode ser compreendida isoladamente, mas deve ser analisada à luz de um cenário maior de disputas geopolíticas e do histórico recente de alianças entre setores do bolsonarismo e interesses estrangeiros. “Não podemos esquecer dos Bolsonaros. Tudo isto está aí por causa dessa gente. São os responsáveis, em última instância, por tudo isso”, declarou.

      O jurista também enfatizou que a aplicação da Lei Magnitsky contra um ministro do Supremo Tribunal brasileiro, caso de Moraes, configura um precedente perigoso, pois estabelece uma forma de pressão sobre o Judiciário brasileiro. “É uma clara ingerência e uma clara chantagem, uma clara pressão para cima da justiça brasileira”, disse. Segundo ele, essa atuação interfere diretamente na independência dos Poderes no Brasil.

      Streck traçou um paralelo com práticas medievais para ilustrar a assimetria na relação entre os dois países. “O Brasil fica como um sujeito que era atirado na água com uma pedra no pescoço e diziam: ‘Se você flutuar, é inocente. Se afundar, é culpado’. Isso é a velha ordálha”, afirmou. Para ele, a medida americana impõe ao Brasil uma lógica punitiva e desproporcional, sem possibilidade de defesa soberana efetiva.

      O jurista ainda defendeu uma reação institucional imediata e coordenada: “Todas as instituições — tribunais, Ministério Público, Defensoria — têm que se unir e emitir repúdios veementes contra esse ato de ingerência.” Ele mencionou manifestações de apoio como a da Faculdade de Direito da USP e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), mas destacou que o momento exige uma frente mais ampla.

      Ao final de sua análise, Streck reforçou a ausência de neutralidade diante da ofensiva externa. “Não existe uma terceira via. Ou você é brasileiro e está contra tudo isso, ou você é um traidor”, concluiu, apontando que a gravidade simbólica da situação exige posicionamento firme não apenas das instituições, mas também da sociedade civil. Assista: 

       

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