Jeffrey Sachs à TV 247: 'Trump está unindo o mundo contra os EUA'
Economista avalia, em entrevista exclusiva ao jornalista Leonardo Sobreira, que a geopolítica de Trump é um sinal da " arrogância" de Washington. Assista
247 - O economista Jeffrey Sachs, um dos mais renomados pensadores do mundo, criticou, em entrevista à TV 247, a política externa do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que ela é contraproducente aos interesses dos próprios EUA.
Na entrevista ao jornalista Leonardo Sobreira, Sachs disse não ter dúvidas de que o mundo atravessa um processo de mudança radical, com o fim da ordem liderada pelo Ocidente. Segundo ele, em Washington, D.C., as elites pensavam que governariam de forma incontestada, um sinal de "arrogância".
"Os EUA sofreram de uma ilusão de que liderariam o mundo sozinhos. Foi uma intoxicação nas mentes da elite de Washington, muitos deles tolos e desagradáveis. Eles não anteciparam nada como a ascensão da China", disse Sachs.
A Europa também sofre da mesma arrogância, observou o professor: "Não apenas os EUA estão sozinhos, mas eles não mandam mais. Estamos observando o fim de um longo processo histórico. E a arrogância não é apenas nos EUA, como também na Europa"
"A mentalidade é de arrogância continuada, mas a realidade é multipolaridade", frisou Sachs, apontando que a postura das potências ocidentais acabou gerando seu próprio isolamento.
"O presidente Lula foi o que melhor definiu: 'o mundo não precisa de um imperador'".
Em relação à China e ao crescente poder do gigante asiático no plano global, Sachs avaliou que Pequim oferece uma alternativa real de governança global, centrada em instituições como as Nações Unidas e o Livre Comércio.
"A China não diz que vai liderar, e sim que vai ajudar a construir um mundo centrado nas Nações Unidas, baseada na soberania, a não interferências nos assuntos internos dos países, abertura comercial, civilização ecológica", afirmou.
"Os EUA, há décadas atrás, tinham esse papel, mas esporadicamente. Contudo, com o declínio do poder dos EUA, os EUA se tornaram desagradáveis. Sempre teve esse lado, mas havia também um lado positivo, que não pode ser visto mais. Trump representa uma queda em um buraco radical do absurdo. Não se propõe a construir instituições, e sim a se retirar delas. Trump, de maneira ofensiva, está unindo o mundo contra os EUA", concluiu.