Gisele Cittadino prevê que Bolsonaro não vá ceder o seu capital político
O que pode provocar um embate é a polêmica sobre se o crime de tentativa de golpe pode se fundir com a tentativa de abolição violenta do Estado de Direito
Por Denise Assis (247) - O “Denise Assis Convida” conversou, neste domingo (7), com a professora associada da PUC-Rio e membro do Grupo Prerrogativa e da ABJD, Gisele Cittadino. Além de explicações minuciosas dos meandros do que já aconteceu e do que pode acontecer na reta final do julgamento no STF, sobre a tentativa de golpe contra o Estado de Direito, Gisele ainda analisa o cenário político e nos brinda com o seguinte comentário: “Anistia é um escárnio”.
Para Gisele, o que pode provocar um embate entre os cinco integrantes da primeira turma: Cristiano Zanin, Flávio Dino, Carmem Lúcia, Luiz Fux e Alexandre de Moraes, é a polêmica que vem sendo travada também entre os analistas e juristas, sobre se o crime de tentativa de golpe contra o Estado pode se fundir – do ponto de vista da condenação e da dosimetria -, com a tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. Há quem considere que sim, mas Gisele discorda e didaticamente, por analogia, nos conta porquê: “Seria o mesmo que alguém entrar numa casa para roubar e, flagrado, matar a família que está sendo assaltada. O juiz então, julga o ladrão apenas por invasão de domicílio, quando ele deveria ser incurso no crime de latrocínio, ou seja, roubo seguido de morte”. Em sua opinião, são crimes diferentes, com penas diferentes.
Cittadino analisa também a situação política de Bolsonaro, que avalia: “está liquidado”. Sobre a discussão que tenta salvá-lo através de uma “anistia”, ironiza o fato de ele sequer estar condenado para, em seguida, dar um veredito contundente: “É um escárnio”.
Para a professora, Bolosonaro é um ser avaro, egoísta, que só pensa em si e na família. “Não está preocupado com o país”. Por isso, considera que ele vai preferir sair de cena do que ceder a um substituto o seu legado.