Genoino: “O imperialismo não será enfrentado com bons modos”
Ex-presidente do PT defende reação firme do Brasil às sanções dos EUA e propõe mobilização nacional articulada com alternativas geopolíticas
247 - Durante entrevista ao programa Giro das 11, o ex-presidente do PT, José Genoino, fez duras críticas ao imperialismo norte-americano e defendeu que o Brasil reaja com firmeza às recentes sanções impostas pelos Estados Unidos a ministros do Supremo Tribunal Federal. “O imperialismo não será enfrentado com bons modos”, afirmou.
Genoino destacou que a medida do governo de Donald Trump — que bloqueou vistos de ministros do STF em reação ao julgamento dos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — é uma retaliação inédita. “Nunca vi suspender o visto de ministros de uma Suprema Corte. Isso foi feito agora contra o Brasil”, observou. Para ele, o Brasil precisa responder com soberania, mobilizando a sociedade e construindo uma frente ampla em defesa da democracia e da soberania nacional.
“A defesa da democracia política, a defesa da soberania nacional, a defesa da justiça social são pilares de um projeto de mudança do país”, declarou.
“Temos que escolher nossos alvos”
Ao ser questionado sobre a possibilidade de reciprocidade nas sanções — como vem sendo discutido pelo governo — Genoino defendeu cautela estratégica. “A reciprocidade deve ser feita com inteligência. Não pode ser cega. Temos que escolher nossos alvos”, disse. Entre os exemplos que citou, estão a denúncia do acordo da base de Alcântara e a taxação das big techs.
“Não é porque eles decretaram o tarifaço que a gente vai responder nos mesmos itens. Temos que proteger nossos interesses, setor por setor”, afirmou.
Genoino também manifestou preocupação com a dependência de empresas brasileiras de componentes norte-americanos, como é o caso da Embraer, e sugeriu que, em vez de responder com medidas genéricas, o Brasil use o atual momento como uma oportunidade para fortalecer sua autonomia.
Brics e articulações multilaterais
Para o ex-deputado, o Brasil deve aprofundar seus laços com países do Sul Global, especialmente por meio do Brics. “Os Brics significam uma alternativa ao imperialismo”, afirmou. Ele defendeu o fortalecimento de parcerias com Venezuela, Bolívia, Colômbia, México e países da União Europeia.
“Nós temos que dialogar com a opinião pública americana, organizar setores intelectuais da União Europeia e fazer alianças pontuais na América do Sul”, sugeriu.
Segundo Genoino, o governo Lula está conduzindo bem o equilíbrio entre confronto e diplomacia, com o presidente polarizando posições e o vice, Geraldo Alckmin, negociando com o empresariado. “O Lula polariza e o Geraldo negocia. É assim que tem que ser”, resumiu.
Defesa nacional e autonomia estratégica
Outro ponto enfatizado foi a ausência de uma política nacional de defesa consistente. Genoino criticou a realização de treinamentos conjuntos entre os exércitos do Brasil e dos EUA e defendeu o fortalecimento da soberania militar brasileira.
“Precisamos de uma política de defesa nacional com autonomia dissuasória. Não é para atacar ou invadir, é para dissuadir. Se entrar aqui, tem prejuízo”, explicou.
Ele alertou para o risco de o Brasil ser engolido pelas estratégias de desestabilização do imperialismo e defendeu uma reação articulada, coordenada e com base na mobilização popular. “Estamos proibidos de recuar. Recuar é derrota. Resistir é o caminho da vitória”, concluiu. Assista:
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: