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Genoino: “Nós temos a tarefa de deslegitimar a extrema direita”

Ex-presidente do PT defende uma estratégia contínua para deslegitimar o bolsonarismo por meio de disputa cultural e organização social

Genoino: “Nós temos a tarefa de deslegitimar a extrema direita” (Foto: Divulgação | ABR)

247 - Durante sua participação no programa Bom Dia 247, o ex-presidente nacional do PT, José Genoino, destacou que a principal tarefa do campo progressista é enfrentar e desautorizar o discurso e a influência da extrema direita. Segundo ele, esse é o eixo central da conjuntura atual: “nós temos a tarefa de deslegitimar o bolsonarismo e a extrema direita”. Genoino ressaltou ainda que o bolsonarismo deve ser compreendido como parte de um fenômeno maior: “Bolsonarismo é uma coisa, a extrema direita é algo mais amplo, eles se autoalimentam”.

O ex-dirigente relaciona a ascensão da extrema direita a um ciclo de criminalização da política e de espetacularização do debate público. Segundo Genoino, essa dinâmica deslocou temas estruturais e favoreceu uma gramática de violência e ódio. Daí, diz, a necessidade de uma resposta com orientação política, social e cultural: “nós temos uma tarefa que é governar e, ao mesmo tempo, libertar os corações, as mentes, as palavras, os símbolos, os conteúdos dessa subjetividade da morte, da guerra, do ódio, da violência”.

A estratégia proposta por Genoino combina ação institucional e mobilização de base. Ele defende disputar valores e sentidos no cotidiano, para além do calendário eleitoral: “Nós não podemos fazer essa disputa da só na base de evento político eleitoral, só na base do fenômeno. Nós temos que construir forças sociais organizadas com um programa para fazer uma disputa que ela é radicalizada, ela é polarizada”. Essa disputa, afirma, inclui comunicação, formação política e organização territorial.

No diagnóstico do ex-presidente do PT, a extrema direita opera pela produção de medo e antagonismo permanente: “eles ficam mais violentos, mais agressivos para provocar o medo, porque eles trabalham com medo e ódio, ódio e medo”. Para enfrentá-la, sugere uma narrativa centrada em direitos sociais, soberania e democracia, ancorada em resultados concretos de governo e em uma frente de defesa de valores republicanos.

Genoino também vincula o combate à extrema direita à construção de uma agenda que ele chama de “pauta do povo”, articulando políticas econômicas e sociais com o trabalho de esclarecimento político: “nós temos que continuar com essas medidas […] e ao mesmo tempo fazer um trabalho de politização, de esclarecimento”. Na avaliação do ex-dirigente, fortalecer políticas públicas e disputar o sentido comum são movimentos simultâneos e complementares.

Ao final, Genoino reforça que deslegitimar a extrema direita não é um ato isolado, mas um processo: desmontar a “espetacularização” da política, enfrentar o discurso de ódio e consolidar uma alternativa organizada. Em suas palavras, trata-se de sustentar uma disputa longa e capilar, que combine governo, mobilização social e uma pedagogia pública orientada a “libertar corações e mentes”. Assista: 

 

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