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      Fernando Peregrino traz a memória da venda da Vale para falar da cobiça aos minerais críticos

      O engenheiro ainda faz uma análise do setor de mineração do país

      Fernando Peregrino (Foto: Gabriela Esteves / INT)
      Leonardo Lucena avatar
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      Por Denise Assis, 247 - O engenheiro Fernando Peregrino, participa do “Denise Assis Convida” deste domingo, 03/08. Ele é ex-presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro; vice-presidente do Clube de Engenharia; doutor pela Coppe /UFRJ, ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação - RJ, foi o coordenador executivo do GAT da câmara dos deputados, que assessorou o parlamento na avaliação do processo de privatização da Vale do Rio Doce e faz um resgate dessa memória.

      Peregrino relembra as idas e vinda do leilão que entregou a Vale, uma empresa lucrativa, por apenas R$ 3 bilhões, quando os estudos apontavam que, a ser vendida, deveria custar aos que a arremataram num leilão com chuva de liminares e manobras suspeitas, no mínimo R$ 12 bilhões.

      Além de trazer essa memória, o engenheiro ainda faz uma análise do setor de mineração do país, da cobiça estadunidense sobre os nossos minerais críticos e terras raras e concorda com a opinião de que o presidente do Ibram, Raul Jungmann, num momento tão delicado como esse, não deveria ter recebido o secretário de negócios norte-americano, Gabriel Escobar. Deveria tê-lo orientado a procurar o governo federal. “Ele errou. O momento era muito delicado”, pondera.

      Sobre o trabalho de acompanhamento da venda da Vale, recorda: “A venda da Vale se deu num período em que o governo promovia a venda das estatais e setores estratégicos. Tudo o que era estratégico entrou na bacia das vendas, por uma comissão organizada dentro do BNDES, que era o seu agente. Uma estrutura estatal, vendendo outras e promovendo uma desestabilização. Estava escrito que essa venda deveria ser rápida e não deveria ser muito questionada no Judiciário, mas também deveria ser revestida de alguma transparência”, revelou.

      “A Vale do Rio Doce, nós chamávamos de “a joia da coroa”. Não só porque tinha ouro e outros metais estratégicos, mas também porque ela era mais do que uma companhia de minério. Era uma estatal enorme, que tinha um poderio logístico também enorme. Ela cortava o Brasil inteiro de Norte a Sul com ferrovias, e tinha os navios e tinha tecnologia. Sabia onde estavam os minérios. Isso tudo era um alvo muito cobiçado por esses agentes do exterior”.

      Peregrino dá detalhes do verdadeiro conluio que cercou a liquidação da estatal e discorre por assuntos da indústria, alvo dos seus últimos estudos, e comenta assuntos atuais, como a cada vez mais escassa formação de engenheiros, que julga fundamental para impulsionar o desenvolvimento e a tecnologia do país.

      Outra observação de Peregrino é quanto ao funcionamento “vertical” dos ministérios”. No seu entender, uma interação mais constante entre as pastas “seria benéfico para agilizar as decisões”. Para o engenheiro e atual pró-reitor da UFRJ, “é preciso um novo modelo de gestão que defenda os interesses públicos. Não tenha dúvida que a gente tem que se largar dessa burocracia que se auto alimenta. Esse controle exagerado da administração pública não é por uma questão moral. Ela no fundo promove aqueles que ganham mais”.

      Peregrino, acompanha com atenção os rumos do país, mas encerra a conversa com um recado otimista. Admirador do ex-governador Leonel Brizola, ele lembra um dos seus ensinamentos: “Ele dizia: Professor, temos que aguardar o processo social”. E, otimista, receita: “A solução virá. Quando a gente menos esperar as massas vão se mobilizar”.

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