Vale admite possibilidade de dividendos extras se preço do minério se mantiver: “chance aumenta”, diz executivo
Marcelo Bacci afirma que geração de caixa robusta pode permitir remuneração adicional aos acionistas no segundo semestre
247 - Em entrevista concedida nesta sexta-feira (1º), Marcelo Bacci, vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, afirmou que ainda não há definição sobre o pagamento de dividendos extraordinários, mas sinalizou que a continuidade dos atuais preços do minério de ferro pode favorecer a decisão. A declaração foi feita durante apresentação do balanço financeiro do segundo trimestre, quando a mineradora registrou lucro de R$ 12,1 bilhões.
A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo, que acompanhou a entrevista. De acordo com Bacci, “o desempenho do segundo semestre é que vai definir [o pagamento de dividendos extraordinários]”. E acrescentou: “Se [o minério] continuar nesse preço, a chance de dividendo extraordinário aumenta, porque está proporcionando geração de caixa robusta”.
O resultado trimestral levou à distribuição de R$ 8 bilhões em juros sobre o capital próprio, valor que corresponde ao mínimo previsto na política de remuneração aos acionistas da companhia. Na teleconferência com analistas, um dos temas centrais foi justamente a possibilidade de a Vale retomar pagamentos superiores ao mínimo obrigatório — uma prática que, no passado, consolidou a reputação da empresa como boa pagadora de dividendos.
No entanto, segundo Bacci, o foco da mineradora, neste momento, é utilizar os recursos excedentes para reduzir a dívida líquida expandida, atualmente na faixa dos US$ 17 bilhões. A meta é aproximar esse montante de US$ 15 bilhões — patamar que representa metade da faixa de endividamento considerada ideal pela própria Vale. Somente após esse ajuste é que eventuais sobras de caixa poderão ser revertidas em remuneração adicional, seja por meio de dividendos extraordinários, seja por recompra de ações.
Impacto limitado de tarifas dos EUA
Durante a entrevista, o executivo comentou ainda o impacto das tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo ele, a medida tem efeito marginal sobre a Vale: apenas 3% da receita da empresa vêm do mercado norte-americano, oriundos majoritariamente da venda de cobre produzido no Canadá, produto isento das tarifas.
Do lado das importações, Bacci revelou que cerca de 5% do que a mineradora adquire para manter suas operações vem dos Estados Unidos. Esse montante poderia ser afetado por eventuais retaliações adotadas pelo governo brasileiro. Ainda assim, ele garantiu que a Vale já está avaliando alternativas para lidar com esse cenário.
Bamin e o impasse logístico
Outro tema abordado por Bacci foi o interesse da Vale na aquisição da Bahia Mineração (Bamin), empresa controlada por um grupo do Casaquistão. O projeto, que tem respaldo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está em operação experimental e enfrenta grandes desafios logísticos, principalmente relacionados à infraestrutura de escoamento da produção.
“O projeto original para escoamento da produção liga a mina em Caetité (BA) a um novo porto em Ilhéus, a 500 quilômetros de distância”, explicou o executivo. Segundo ele, a viabilidade financeira do projeto depende de agregar outras cargas, além do minério. “A quantidade de minério que tem lá não remunera o desafio da logística.”
Ainda de acordo com Bacci, a Vale segue estudando possibilidades para viabilizar economicamente a operação. O governo federal, por sua vez, tem pressionado pela entrada da mineradora no projeto, e determinou ao BNDES que auxilie na construção de uma solução definitiva.
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