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“Eleição entre Lula e Tarcísio será a mais importante de nossas vidas", diz João Cezar de Castro Rocha

Professor também avalia que Lula está cercado pelas elites, assim como aconteceu com Getúlio Vargas no passado

(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil | Ricardo Stuckert / PR)
Redação Brasil 247 avatar
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247 – Em entrevista concedida ao jornalista Leonardo Attuch, editor da TV 247, o professor e ensaísta João Cezar de Castro Rocha fez uma contundente análise do cenário político brasileiro, apontando a eleição presidencial de 2026 como um divisor de águas na história do país. “As eleições de 2026 serão as mais importantes do resto de nossas vidas”, afirmou. Para ele, o provável embate entre o presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já está em curso e representa um confronto entre dois projetos antagônicos de país.

Segundo Castro Rocha, Tarcísio de Freitas já vem sendo promovido por setores evangélicos como uma figura messiânica. “Tarcísio de Freitas já começa a ser apresentado como profeta pelos pastores evangélicos”, observou. Ele alerta que o ex-ministro da Infraestrutura herdará o eleitorado bolsonarista, sobretudo se demonstrar compromisso com um eventual indulto ao ex-presidente, “ainda que seja à força, como foi pedido pelo senador Flávio Bolsonaro”.

Para o professor, o que falta à candidatura de Tarcísio é consolidar o apoio do eleitorado evangélico, algo que vem sendo construído com a narrativa da “teologia do domínio”, uma das bases ideológicas da nova direita no Brasil. “O plano de poder é uma combinação entre teologia do domínio e militarismo”, afirma. Ele destaca ainda que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro “representa a vertente da teologia do domínio” e que figuras como o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, têm uma função estratégica nesse processo: “A função histórica do Guilherme Derrite no Brasil é naturalizar as ações de Bukele”.

Semelhança com o segundo governo Vargas

Ao analisar o atual governo, João Cezar traça um paralelo histórico contundente: “O que eu vejo hoje no terceiro governo do presidente Lula é uma semelhança muito grande com o governo de Getúlio Vargas, depois do retorno de São Borja. Vargas foi sitiado pelas elites. Mas mesmo assim criou a Petrobras, o CNPq e a Capes”. Para ele, Lula vive hoje um cerco semelhante. “Lula está sitiado pelo Congresso e pela mídia corporativa. E estas forças já têm um candidato, que é Tarcísio de Freitas”, denuncia.

Castro Rocha sustenta que o projeto representado por Tarcísio é um caminho para a “pinochetização” do Brasil. “Tarcísio de Freitas significa o projeto de pinochetização do Brasil. Significa a retirada do Estado de todas as suas funções sociais, a uberização do trabalho, a precarização da vida, a privatização de todos os ativos”, alertou.

O professor também fez críticas à passividade de setores da esquerda diante do cerco institucional e midiático ao governo. “Só depois do suicídio de Vargas, parte da esquerda percebeu o erro. Precisamos explicitar nosso apoio a Lula e pressionar para que se torne mais um governo de esquerda”, defendeu. Segundo ele, o enfrentamento dentro das regras democráticas é urgente e necessário.

A denúncia do chamado “orçamento secreto” também ocupou parte importante da entrevista. “Não temos denunciado com a coragem necessária que Arthur Lira é o articulador do maior esquema de corrupção da história do Brasil. E que Hugo Motta é seu continuador. Enquanto um orçamento secreto persistir, as chances de governar permanecem limitadas”, afirmou.

Os pobres no orçamento e a luta de classes

Castro Rocha lamenta que parte da sociedade brasileira ainda veja políticas sociais como ameaça. “Há um ódio ao Lula porque ele incluiu o pobre no orçamento. As elites não perdoam isso. Para as elites, política social é caso de polícia. A Faria Lima faz luta de classes todo o dia”, criticou.

Sobre o futuro, ele insiste na necessidade de uma comunicação mais direta e mobilizadora por parte do governo. “O presidente Lula precisa convocar cadeias de rádio e TV para apresentar as dificuldades e esse cerco”, propõe. E conclui: “O governo da frente ampla, roubado pelo Congresso, cercado pela mídia e pelas elites, entregou para o Brasil um crescimento de 3%”.

A entrevista, marcada por lucidez e contundência, reforça a urgência de uma repolitização da sociedade brasileira. “Está faltando ao governo da frente ampla repolitizar a polis”, diz o professor, chamando atenção para o desafio de disputar corações e mentes, inclusive entre os setores populares que votam na direita. A análise de João Cezar de Castro Rocha deixa clara a gravidade do momento histórico vivido pelo Brasil e o papel decisivo que as próximas eleições terão no destino da nação. Assista:

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