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“Magda Chambriard retomou o compromisso da Petrobras com o Brasil”, diz Guilherme Estrella

O geólogo que é considerado o pai do pré-sal avalia positivamente as mudanças implementadas pela atual gestão da companhia

“Magda Chambriard retomou o compromisso da Petrobras com o Brasil”, diz Guilherme Estrella (Foto: Divulgação | ABR)

247 – “Demoramos um ano e meio para o governo Lula assumir a gestão da Petrobras”, disse Guilherme Estrella. A frase resume a encruzilhada histórica vivida pela principal empresa brasileira após anos de desmonte, sabotagem institucional e captura por interesses estrangeiros. Em entrevista à TV 247, Estrella criticou o atraso na mudança de comando na estatal e avaliou positivamente o primeiro ano da gestão de Magda Chambriard, que substituiu Jean-Paul Prates. “Ela retomou o compromisso da Petrobras com o Brasil.”

A origem do problema, para Estrella, remonta ao ciclo neoliberal iniciado nos anos 1990. “O choque neoliberal no Brasil aconteceu com os ex-presidentes Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Todos naquela filosofia imposta pelo poder hegemônico do consenso de Washington e das privatizações.”

Mesmo com a quebra do monopólio estatal, a Petrobras conquistou a autossuficiência em petróleo em 2006 — ano também da descoberta do pré-sal. “Nós da Petrobras conseguimos a autossuficiência pela capacidade de perfurar em campos que conhecíamos antes da quebra do monopólio. O Brasil teria alcançado a autossuficiência mesmo sem a quebra.”

Foi com base nesse sucesso técnico e industrial — considerado por Estrella “uma das maiores descobertas da engenharia mundial” — que a proposta de mudança do regime de concessão para o modelo de partilha foi apresentada ao governo. “Quando apresentamos isso, era obviamente necessário sair do modelo de concessão.”

“Essa mudança foi a causa da Lava Jato. A operação foi criada para destruir a Petrobras depois da descoberta do pré-sal e dessa mudança na política de concessão para partilha.” Portanto, na visão de Estrella, uma gestão mais soberana da Petrobras, nos governos dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, acabou provocando a reação que culminou com a Lava Jato, com o golpe de 2016 e com a adoção da chamada “ponte para o futuro", que aprofundou o projeto neoliberal da era FHC.

Na visão de Estrella, ainda que os avanços da gestão Magda Chambriard tenham que ser destacados, repete-se o risco de que a exploraão na Margem Equatorial não ocorra de forma totalmente soberana. “Estamos nessa situação em que a Margem Equatorial será explorada pela Petrobras, mas também por empresas estrangeiras, sob o regime de concessão. As ONGs que fizeram campanha contra a Margem Equatorial estão ligadas a grandes fortunas do capital financeiro”, diz ele. “O ponto é que a energia será sempre a base da soberania das nações. Este é o ponto central.” Assista:

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