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Dilma pede continuidade do desenvolvimento e da industrialização do Brasil: 'não pode ser só commodities'

Presidente do Banco dos BRICS defende planejamento de longo prazo voltado para o “desenvolvimento concentrado nas pessoas”

Dilma Rousseff (Foto: Reprodução/X/@dilmabr)
Guilherme Levorato avatar
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247 - Durante a abertura do Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo, realizada nesta quinta-feira (19), a presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Dilma Rousseff, destacou os desafios e as oportunidades para o Brasil diante da Quarta Revolução Industrial.

Convidada de honra do presidente da Rússia, Vladimir Putin, a ex-presidente brasileira participou do encontro após uma reunião bilateral com o líder russo, realizada na véspera. O presidente russo foi enfático ao elogiar a atuação de Dilma à frente do banco: “estou muito feliz de vê-la aqui. Em primeiro lugar queria parabenizá-la pela sua reeleição para o cargo de chefe do Novo Banco de Desenvolvimento”, afirmou. “Isso significa que todos os membros do banco avaliam muito bem o seu trabalho".

Criado em 2014, o NDB tem sede em Xangai e é conhecido como o “Banco dos BRICS”. A instituição reúne países emergentes e oferece financiamentos voltados para projetos sustentáveis, sem imposições políticas. Segundo Dilma, “nós não impomos condicionalidade. No passado, alguns bancos chegavam para o Brasil, por exemplo, e diziam: ‘se vocês não privatizarem todo o setor elétrico, não terão investimento’. Nós não. O banco é proibido de criar quaisquer condições para financiar, a não ser técnicas e ambientais", esclareceu à Sputnik.

Desde que assumiu a presidência da instituição em 2023, por indicação do presidente Lula (PT), Dilma lidera uma fase de expansão. Durante sua gestão, o NDB já incorporou a Argélia e anunciou a entrada de Uzbequistão e Colômbia. “O banco financia projetos no Brasil em áreas que o governo decide. Somos levados pela demanda [dos governos] e não impomos aos países o que devem fazer”, pontuou Rousseff. Ela destacou ainda a aprovação recente de um projeto voltado à construção de um “Hospital Inteligente” no Brasil.

No cenário internacional, Dilma ressaltou o papel estratégico que o país deve desempenhar frente às transformações tecnológicas em curso. “Nós precisamos ter acesso à inteligência artificial, à biotecnologia. Não devemos ser só consumidores de plataformas [digitais]. E isso temos que trocar dentro do BRICS”, defendeu. Para ela, a troca de conhecimento entre países com prioridades distintas é essencial: “todos os países que se desenvolveram, fizeram isso com transferência de tecnologia".

Embora reconheça a relevância das commodities na economia brasileira, Dilma alerta que o país precisa ampliar sua base produtiva. “Não pode ser só isso. A Rússia, a China e o Brasil têm tecnologia […], e isso permite que se crie um ecossistema de cooperação.” A presidente do NDB reforçou que, para essa transição, a continuidade das políticas públicas é indispensável. “Temos de garantir que não tenha descontinuidade. É muito desagradável quando um programa que está crescendo é interrompido por qualquer outra razão que não técnica.”

Ela exemplificou com planos de longo prazo adotados em países da Ásia Central e do Oriente Médio: "veja os países da Ásia Central, do Oriente Médio: quase todos têm programas de crescimento no horizonte de 2030, 2040 ou até 2050". Segundo Dilma, esse tipo de planejamento deve colocar o cidadão no centro da estratégia. “O banco deve pensar em desenvolvimento concentrado nas pessoas. Ou seja, tem que ser um desenvolvimento para melhorar a vida das pessoas. É impossível um desenvolvimento […] que não tenha como objetivo a superação da desigualdade".

A ex-presidente também reforçou que a sustentabilidade está no cerne da atuação do NDB: “um desenvolvimento ambientalmente correto, mas que visa diminuir a desigualdade dentro dos países.” Para ela, é imperativo que “a prosperidade seja algo compartilhado”. E acrescentou: “para superar a lacuna entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos é necessário transferência de tecnologia. É isso que o NDB possibilita".

Por fim, apontando para o grande salão do Fórum, onde líderes do Sul Global se reuniam, Dilma concluiu: “você está vendo isso aqui? O encontro é fundamental".

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