“Devemos erguer uma campanha nacional em defesa da soberania”, diz Altman
Jornalista critica acordo entre EUA e União Europeia e propõe resposta estratégica do Brasil diante da ofensiva de Trump
247 – Durante participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman defendeu a construção de uma mobilização nacional ampla para enfrentar o que considera uma escalada das pressões dos Estados Unidos contra o Brasil. Para ele, a política conduzida pelo presidente norte-americano Donald Trump tem como objetivo aprofundar a submissão do país a interesses estrangeiros, especialmente por meio da apropriação das chamadas terras raras — minerais essenciais à produção tecnológica contemporânea.
“Espero eu que isso jamais seja sequer cogitado pelo governo brasileiro, porque seria entregar a soberania do país”, afirmou Altman. “O Brasil necessita de soberania, de mais soberania e não de menos soberania. O Brasil não pode negociar suas riquezas sob qualquer hipótese.”
Ao comentar o recente pacto firmado entre União Europeia e Estados Unidos, Altman foi enfático ao classificar o acordo como uma “das mais vergonhosas capitulações da história”. Segundo ele, a Europa aceitou investir trilhões de dólares na economia norte-americana, comprando equipamentos militares, títulos da dívida e aceitando tarifas desfavoráveis sem obter contrapartidas. Para o jornalista, “a União Europeia comprova mais uma vez a sua relação de vassalagem com os Estados Unidos”.
A crítica à Europa serve, em sua análise, como alerta ao Brasil. Altman avalia que o governo Lula deve rejeitar qualquer modelo de negociação que envolva concessões estruturais em troca de promessas comerciais, e alerta para a possibilidade de uma investida semelhante ser tentada no país, diante das exigências tarifárias impostas recentemente pelos Estados Unidos. “Eles, os Estados Unidos, já estão fazendo circular quais seriam suas exigências. A exigência fundamental seria se apropriar dos minerais nobres brasileiros”, disse. “Seria uma catástrofe, um acordo desse tipo.”
Altman sustenta que o Brasil foi escolhido por Trump como elo mais fraco do BRICS. Segundo ele, isso se deve à influência de uma elite brasileira que, nas suas palavras, tem um projeto de país subordinado ao capitalismo norte-americano. “O Brasil tem no seu interior uma elite que é uma elite colonizada, uma elite podre, absolutamente alinhada aos interesses norte-americanos”, declarou. “É um empresariado que adora os Estados Unidos, que olha para Miami e se apaixona.”
Diante desse quadro, o jornalista propõe que o governo brasileiro adote um programa emergencial e abrangente de defesa da soberania, com medidas estruturais nos campos da tecnologia, da defesa e da geopolítica. Entre as sugestões estão a construção de data centers próprios para proteger dados nacionais do controle das big techs norte-americanas, a substituição da empresa que atualmente opera os satélites que monitoram a Amazônia, o fim da cessão da base de Alcântara à NASA, e a reformulação da política de defesa para reduzir a dependência do armamento norte-americano. “Medidas essenciais que deveriam ser tomadas, repito, a curto, médio e longo prazo e fora dos cálculos do arcabouço fiscal”, argumentou.
Para Altman, a população brasileira tem compreendido o papel dos Estados Unidos como força desestabilizadora, o que abriria espaço político para uma resposta estratégica mais ousada. “As pessoas estão entendendo que os Estados Unidos não são um aliado do Brasil, que os Estados Unidos são um feitor, que os Estados Unidos são um estado imperialista, que os Estados Unidos estão atacando o Brasil. O Brasil precisa se defender.”
Ele defendeu que essa resistência não se limite à diplomacia ou à tecnocracia. Para enfrentar as pressões de Trump e neutralizar a força de setores aliados aos EUA dentro do país, Altman propõe que o governo Lula convoque grandes mobilizações nacionais com envolvimento direto do presidente, partidos, movimentos populares e sindicatos. “Nós precisamos de um patamar de mobilização semelhante ao da campanha das Diretas de 1984”, disse. “É necessário construir uma grande campanha de defesa da nação.”
A seu ver, esse esforço deve ser sustentado por ações concretas de governo, capazes de sinalizar mudança de rumo. “Uma campanha de defesa da nação que seja mobilizada, motivada por medidas concretas do governo para defender a soberania, a justiça social e o crescimento do país.”
Altman conclui que esta é uma janela de oportunidade aberta diante da atual conjuntura. Ele acredita que o presidente Lula está disposto ao enfrentamento, mas que precisa do respaldo de seu partido e de um campo progressista mais aguerrido. “A bola está na marca do pênalti, e precisa bater o pênalti e acertar o pênalti.” Assista:
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