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“Cláudio Castro muda de secretário de segurança como muda de roupa”, diz Elika Takimoto

Deputada denuncia falta de gestão e motivação política em ações de segurança no Rio de Janeiro

“Cláudio Castro muda de secretário de segurança como muda de roupa”, diz Elika Takimoto (Foto: ABR)

247 - A deputada estadual Elika Takimoto afirmou que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, conduz a segurança pública do estado sem planejamento e com interesses eleitorais. Em entrevista ao programa Bom Dia 247, da TV 247, Takimoto criticou a constante troca de secretários e a condução das recentes operações policiais que resultaram em dezenas de mortes em favelas cariocas.

Segundo a parlamentar, Castro tem tratado o comando da segurança como um espaço de conveniência política. “O governador Cláudio Castro muda de secretário de segurança como muda de roupa praticamente”, declarou. Ela comparou a instabilidade na gestão à troca constante de síndicos em um condomínio, afirmando que a rotatividade compromete a eficiência das políticas públicas. “Imagina mudar o síndico quatro vezes em três anos. Ninguém conhece os moradores, ninguém entende a estrutura. É o que acontece com a segurança do Rio”, explicou.

Falta de diálogo e atropelo de decisões

Elika Takimoto relatou que projetos de lei enviados pelo Executivo à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) chegam sem diálogo com as categorias afetadas. “Quando o governador manda um projeto sobre segurança, ele deveria ouvir os policiais civis e militares antes. Mas o que acontece é o contrário: o projeto chega e os gabinetes são inundados de pedidos de socorro”, disse.

A deputada citou propostas recentes que alteram benefícios e estruturas da Polícia Civil e Militar, como cortes em auxílios e mudanças em cargos de carreira. “Não é hora de mexer na polícia. As categorias não foram ouvidas e tudo é atropelado”, afirmou, criticando o que chamou de “falta de respeito com servidores públicos”.

Chacina e descaso com as vítimas

Takimoto também acompanhou familiares das vítimas da operação policial que resultou em uma das maiores chacinas da história do Rio. Ela classificou a ação como “um filme de terror” e relatou o estado dos corpos no Instituto Médico-Legal (IML). “Foram corpos sem cabeça, mutilados, jogados em valas. Há pessoas desaparecidas e famílias desesperadas. Foi uma chacina de verdade”, declarou.

Durante a visita ao IML, a deputada relatou resistência das autoridades locais em permitir uma perícia independente. “A mesma polícia que mata é a que investiga. Há algo muito errado nisso. Precisamos de uma perícia imparcial”, disse. Ela afirmou ainda que familiares enfrentaram dificuldades para reconhecer os corpos e denunciaram tratamento desumano por parte dos servidores públicos.

“Operação entrou para matar, não para prender”

A parlamentar afirmou que a operação policial teve motivação política e não foi planejada para prender suspeitos. “Entrou para matar. Foi um palanque eleitoreiro, feito para mudar a pauta política e reverter a opinião pública a favor de Cláudio Castro”, acusou.

Takimoto questionou o número de mortos em comparação ao número de mandados judiciais expedidos. “Eram 51 mandados. Mataram três vezes mais pessoas. Isso mostra que a intenção não era cumprir a lei, mas fazer espetáculo”, observou.

Efeito político e manipulação da opinião pública

Para Elika Takimoto, as ações de segurança do governo estadual têm sido usadas como ferramenta eleitoral e midiática. “Cláudio Castro sabe que a opinião pública vai aplaudi-lo nesse momento. Ele mediu o timing. A operação serviu para mudar a pauta e tirar o foco dos resultados positivos do governo federal”, afirmou, referindo-se ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A deputada associou o apoio popular às operações à presença do racismo estrutural. “A sociedade aplaude a morte de jovens pretos e periféricos. Se fossem corpos brancos, a reação seria outra. É uma questão psicológica, social e profundamente racista”, disse.

“É um projeto político de destruição”

Professora de formação, Takimoto também relacionou a violência à precarização da educação no estado. “Cláudio Castro trata a educação com descaso. Não há preocupação em recuperar escolas nem em valorizar os profissionais. Tudo isso faz parte de um projeto político que mina o debate e destrói a dignidade das pessoas”, afirmou.

Para ela, as chacinas, o desmonte da educação e a manipulação midiática formam um mesmo quadro. “O que estamos vendo é um projeto político bem estruturado. A operação não foi para prender ninguém, foi para matar, especular e manipular a pauta pública”, concluiu. Assista: 

 

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