"Nenhum corpo merece ser tombado", diz Anielle Franco sobre chacina policial no Rio
Ministra da Igualdade Racial defende que ações de segurança pública priorizem inteligência e respeito aos direitos humanos
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, criticou a operação policial no Rio de Janeiro que resultou em 121 mortos, o número mais alto já registrado em uma ação do tipo no país. Ela visitou o Complexo da Penha para ouvir os moradores das áreas atingidas e afirmou que o governo federal está comprometido em dar respostas à população.Anielle destacou a importância do diálogo direto com as comunidades. “Esse momento de escuta foi muito importante para entender as demandas”, disse Anielle após uma reunião realizada na Central Única das Favelas (Cufa), de acordo com o UOL.
“Nosso papel aqui é fazer com que nossos ministérios e outros também, junto com os parlamentares, possam de fato chegar em quem mais precisa”, afirmou. Em seguida, reforçou sua indignação com a frase que repercutiu em todo o país: “nenhum corpo merece ser tombado”.
Macaé Evaristo: “operação foi um fracasso”
A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, também criticou duramente a ação, chamando-a de fracasso. “É inadmissível uma operação para combate ao crime organizado não usar inteligência para garantir sua efetividade. Ninguém tem o objetivo de matar as pessoas. Se a gente quer combater o crime organizado, temos que começar de cima, pegando onde está o dinheiro”, afirmou.
Macaé ressaltou ainda que não há motivo para celebração diante de tamanha tragédia. “Não adianta a gente chegar dentro das comunidades criando essa situação completamente absurda, expondo famílias, crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência ao horror, ao pavor. Um país do tamanho do Brasil não pode ser cada um fazendo da sua cabeça, sem planejamento. Tem que ter uma articulação federativa para a gente efetivamente asfixiar o crime organizado”, completou.
Força-tarefa contra o crime organizado
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também esteve na capital fluminense, onde se reuniu com o governador Cláudio Castro (PL). Após o encontro, foi anunciada a criação de uma força-tarefa integrada para combater o crime organizado e revisar os protocolos de atuação conjunta entre os governos.
Operação supera massacre do Carandiru
A operação no Rio superou em número de vítimas o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando 111 presos foram mortos em São Paulo. A tragédia reacendeu o debate sobre violência policial, falta de planejamento e a necessidade de políticas públicas mais eficazes para enfrentar o crime sem massacrar populações vulneráveis.


