Breno Altman: “Bolsonaro está tentando cavar a própria prisão”
Jornalista afirma que ex-presidente busca acirrar tensão entre EUA e Brasil para se vitimizar e ganhar apoio político da extrema direita
247 – Durante sua participação no programa Bom Dia 247, o jornalista Breno Altman afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro adota uma conduta deliberada para forçar sua prisão, a fim de se vitimizar e mobilizar apoio político. De acordo com Altman, “Bolsonaro está tentando cavar a própria prisão” ao insistir no descumprimento de medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Segundo o jornalista, “ele está jogando para ser preso”. Para Altman, Bolsonaro enxerga na prisão uma forma de “acirrar as tensões entre Estados Unidos e Brasil” e reforçar a narrativa de perseguição política, estratégia que, na visão do bolsonarismo, aumentaria a pressão norte-americana sobre o governo brasileiro. “Aposta-se que quanto mais dramática for a situação de Bolsonaro, maior será a pressão norte-americana e, portanto, maiores seriam... as possibilidades de concessão”, explicou.
Cautela de Moraes e risco de censura
Breno Altman destacou a forma como Alexandre de Moraes vem conduzindo o caso, evitando, até o momento, decretar a prisão preventiva de Bolsonaro. O jornalista avalia que o ministro age com prudência para não alimentar acusações de perseguição judicial. “Ele está fazendo de tudo para Bolsonaro ter a maior flexibilidade possível”, observou. Altman reconhece que Moraes aplicou “medidas cautelares de extremo rigor”, mas evita um confronto direto que possa fortalecer a narrativa de que o ex-presidente é alvo de perseguição política.
Apesar disso, o jornalista demonstrou preocupação com o que considera excessos, principalmente no que diz respeito às restrições à liberdade de expressão. “Da mesma maneira que era absurdo o Lula ser proibido de dar entrevistas em 2019, eu continuo a achar absurdo que as medidas cautelares contra Jair Bolsonaro envolvam seu silenciamento”, disse. Ele acrescentou: “O cerceamento à liberdade de expressão nesses casos, eu acho um perigo, porque pau que bate em Chico baterá em Francisco”.
Sobre Eduardo Bolsonaro e crime contra a soberania
Questionado sobre a decisão de Moraes de bloquear contas do deputado Eduardo Bolsonaro, que atualmente se encontra nos Estados Unidos, Altman afirmou que há indícios de crime: “Há um cometimento de crime porque ele está operando contra a soberania brasileira... pressionando um governo estrangeiro para que opere contra interesses nacionais de forma muito pesada”. No entanto, reconheceu que não teve acesso ao processo para avaliar sua base legal e destacou que a atuação da Justiça depende da provocação do Ministério Público.
Jogo geopolítico e papel da elite brasileira
Altman também analisou o posicionamento das elites brasileiras diante da pressão internacional. Para ele, o editorial recente do jornal O Estado de S. Paulo ilustra a postura da burguesia nacional, que seria “anti-Bolsonaro e pró-Estados Unidos”. O jornalista argumentou que essa parcela da elite não está disposta a sustentar um projeto de soberania nacional autônomo. “O empresariado brasileiro irá traí-lo, irá abandoná-lo, irá deixá-lo de pires na mão”, disse, dirigindo-se ao presidente Lula.
Ele defendeu a adoção de medidas emergenciais fora do arcabouço fiscal para fortalecer a soberania do país. “O Brasil precisa anunciar... medidas concretas para defender a soberania do país. O controle de informação da Amazônia está nas mãos de uma empresa norte-americana... o fornecimento de armas vem majoritariamente dos EUA e Israel... o Brasil não possui soberania digital”, alertou.
Resposta à pressão de Trump e popularidade de Lula
Por fim, Altman argumentou que a postura agressiva do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil — como o aumento de tarifas — pode estar surtindo o efeito contrário ao desejado. “As medidas do Trump estão aumentando a popularidade do governo. Essa agressão à soberania brasileira não tem respaldo na maioria da população”, afirmou.
Para o jornalista, o presidente Lula tem reagido de forma firme à pressão, o que ajudou a consolidar um “giro à esquerda” no governo e reacendeu sua conexão com a base social. “O presidente Lula, submetido à chantagem, historicamente vira uma fera. Ele não aceita chantagem. É nesse momento que retorna o Lula do Velho Testamento”, afirmou Altman, ressaltando que essa postura tende a fortalecer o governo no cenário político interno. Assista:
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