"Big techs estão nas mãos da extrema direita mundial", diz Deyvid Bacelar

247 - Em entrevista ao programa Brasil Agora, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, denunciou o bloqueio de sua conta pessoal do WhatsApp por 77 dias, episódio que ele classificou como censura política promovida por grandes empresas de tecnologia. Segundo Bacelar, a decisão partiu da sede da Meta nos Estados Unidos e não foi acompanhada de qualquer justificativa objetiva. “Big techs estão nas mãos da extrema direita mundial”, afirmou.

Bloqueio sem explicação

O dirigente relatou que a suspensão permanente de sua conta começou em 5 de maio e só foi revertida por meio de decisão judicial. “Infelizmente, fiquei sem contato com mais de 10 mil pessoas”, disse, referindo-se aos contatos armazenados em sua agenda. Entre os afetados estavam trabalhadores da Petrobras, sindicalistas, representantes do governo e empresários com quem mantinha diálogo cotidiano. “Imagine o prejuízo disso para nós que estamos falando com os petroleiros e petroleiras, trabalhadores e trabalhadoras, com os movimentos sociais, com agentes do estado, com empresários, fazendo negociações coletivas.”

Segundo ele, a única explicação recebida foi de um gerente comercial da Meta, que atribuiu o bloqueio a uma ordem emitida dos Estados Unidos. “Alegaram um descumprimento de regras do WhatsApp. E sinceramente, não descumpri nenhuma das regras”, declarou. “Não espalho fake news, não difundo mentiras, pelo contrário, combato.”

Decisão judicial e denúncia de censura

Bacelar destacou que a justiça reconheceu a arbitrariedade da ação. “A sentença do juiz demonstra a censura que estavam estabelecendo, porque não conseguiram explicar os motivos do bloqueio permanente da minha conta.” Ele atribui o bloqueio a sua atuação política e sindical. “Trata-se sim de um ataque à organização sindical, um ataque a militantes que atuam nas causas de direitos humanos.”

Ainda segundo ele, a censura aplicada pelas plataformas é seletiva: “Eles usam esse argumento de que aqui no Brasil queremos censurar a imprensa, censurar os meios de comunicação e censurar as big techs. Mas na verdade, a censura contra aqueles que vão de encontro aos ideais desses extremistas de direita vem deles.”

Papel político das big techs

Bacelar também denunciou o papel político das plataformas digitais, que, segundo ele, estariam favorecendo a disseminação de discursos de ódio e desinformação. “Nós temos visto agora, por exemplo, diante desse ataque dos Estados Unidos à soberania nacional brasileira, uma série de fake news serem espalhadas pelas redes sociais, inclusive pelo WhatsApp, e nada acontece com as pessoas que estão espalhando.”

Para o dirigente, há um padrão de atuação que favorece conteúdos da extrema direita. Ele citou como exemplo o engajamento promovido pela Meta em torno de vídeos de parlamentares bolsonaristas. “Vídeo que fez o Nicolas Ferreira com todo o apoio da Meta teve mais de 200 milhões de visualizações, e todo o engajamento foi ajudado por eles.”

Consequências e medidas judiciais

A conta de Bacelar só foi reativada após ações judiciais ajuizadas por seus advogados. Ele defende que o caso não se encerre com o desbloqueio e que a empresa seja responsabilizada. “Espero que a justiça não pare por aí. Esperamos que a Meta seja punida pelo que fez, porque não pode, em hipótese alguma, pelo seu bel prazer, bloquear a conta de qualquer pessoa.”

O líder sindical afirmou que outros dirigentes também sofreram bloqueios, ainda que temporários, como o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e a vice-presidente da entidade, Vânia Guimarães. Para Bacelar, os episódios compõem um processo de tentativa de intimidação aos movimentos sociais e sindicais. “Nós não baixamos a cabeça, estamos aqui enfrentando publicamente o que foi feito.”

Ao encerrar sua participação, Bacelar fez um apelo à mobilização social em defesa da democracia e da soberania digital brasileira: “É sempre importante a gente desmistificar o discurso que eles utilizam para tentar ludibriar a população brasileira. Porque, na verdade, quem faz censura e controla a mídia, que é deles, são eles, a extrema direita que está internacionalmente organizada e que está aqui no Brasil através das big techs.” Assista: