Vendas da Tesla têm maior queda em uma década em novo trimestre difícil para Elon Musk
Receita despenca 12% em meio à retração nas entregas, queda nos créditos regulatórios e desgaste da imagem da marca com apoio de Musk a Trump
247 – A Tesla registrou o pior resultado trimestral em dez anos, sinalizando os efeitos da crescente concorrência no setor automotivo, da queda nas entregas e do desgaste de imagem vinculado ao seu CEO, Elon Musk. Segundo matéria publicada pelo jornal Valor Econômico nesta quarta-feira (23), a empresa reportou lucro ajustado de US$ 0,40 por ação, levemente abaixo das expectativas dos analistas. A receita total caiu 12%, somando US$ 22,5 bilhões no segundo trimestre — a maior retração desde a ascensão da montadora no mercado global.
Apesar do tombo, o relatório trimestral evitou surpresas negativas adicionais e reafirmou os planos da Tesla para o desenvolvimento de robotáxis e veículos acessíveis. “Apesar de um ambiente macroeconômico incerto e persistente, resultante de mudanças nas tarifas, impactos incertos de mudanças na política fiscal e sentimento político”, declarou a empresa em comunicado aos investidores.
Queda nas entregas e nos créditos regulatórios
A queda na receita foi impulsionada principalmente pela redução nas entregas de veículos, menor preço médio de venda e declínio da receita com créditos regulatórios — um dos pilares financeiros da Tesla nos últimos anos. Apenas essa última linha de receita encolheu mais de 26% no trimestre, totalizando US$ 439 milhões, ante US$ 595 milhões no primeiro trimestre e US$ 890 milhões no mesmo período do ano anterior.
Esse recuo está diretamente ligado às mudanças regulatórias promovidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou seu segundo mandato em janeiro de 2025. A nova administração vem eliminando penalidades para montadoras que descumprem metas federais de eficiência energética, reduzindo significativamente o mercado para esses créditos, historicamente negociados por empresas como a Tesla.
Investidores divididos sobre o futuro da empresa
Enquanto os resultados decepcionaram parte do mercado, alguns investidores continuam apostando no futuro da Tesla como uma empresa de tecnologia e inteligência artificial, em vez de uma simples fabricante de automóveis.
“Se alguém pensa que a Tesla é, em sua essência, apenas um negócio automobilístico, então os resultados foram ruins”, afirmou Adam Crisafulli, fundador da consultoria Vital Knowledge. “Se alguém pensa que a Tesla é um gigante da IA/robótica, provavelmente terá a mesma opinião sobre suas perspectivas após o lançamento do segundo trimestre que tinha antes.”
A margem bruta, apesar de todas as quedas, superou a média das estimativas, sinalizando alguma resiliência na estrutura de custos da empresa. Ainda assim, as ações da Tesla acumulam queda de 18% em 2025, mesmo após alguma recuperação entre abril e julho.
Imagem desgastada e polarização política
Outro fator que pesou sobre a marca foi a crescente polarização política nos Estados Unidos. Elon Musk, que apoiou abertamente o presidente Donald Trump e chegou a atuar brevemente como assessor do governo, provocou insatisfação entre parte da tradicional base de consumidores da Tesla, historicamente associada à centro-esquerda e à pauta ambientalista.
Críticas públicas às tentativas de Musk de cortar gastos governamentais e sua presença ativa nas redes sociais também contribuíram para o desgaste da imagem da empresa. Analistas apontam que, embora o segmento de supercarregadores tenha apresentado crescimento, outras frentes de negócios, como geração e armazenamento de energia, também registraram queda de receita.
Robotáxis ainda sem cronograma
Por ora, o principal ponto de atenção dos investidores é o projeto de robotáxis, que Musk vem promovendo como a próxima fronteira da Tesla. A empresa reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento da tecnologia, especialmente em Austin, no Texas, mas não ofereceu prazos ou datas para a expansão do serviço em outras cidades.
O resultado do segundo trimestre deixa claro que a Tesla está diante de um momento decisivo: manter a confiança do mercado depende não apenas da inovação tecnológica, mas da capacidade de reconstruir sua reputação em um ambiente cada vez mais competitivo e politicamente dividido.
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