Trump também atacou o Pix para defender interesses de Zuckerberg
A referência é clara — e, nos bastidores, é tratada como um movimento de Trump para atender a interesses da Meta
247 - O sistema de pagamentos Pix, criado pelo Banco Central do Brasil, tornou-se um dos alvos da nova ofensiva comercial do governo dos Estados Unidos. A iniciativa, liderada por Donald Trump, inclui uma acusação formal de que o Brasil estaria adotando práticas desleais ao favorecer “serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”.
Segundo reportagem publicada pelo InfoMoney, embora o Pix não seja nomeado diretamente, a referência é clara — e, nos bastidores, é tratada como um movimento de Trump para atender a interesses da Meta, empresa de Mark Zuckerberg.
O desconforto da Meta com o sistema brasileiro não é novo. Em 2020, o Banco Central suspendeu o lançamento do WhatsApp Pay poucos dias após o anúncio oficial. O serviço, que permitiria pagamentos diretamente pelo aplicativo de mensagens, foi bloqueado sob a justificativa de risco à concorrência e à estabilidade do sistema financeiro. Na época, o Pix ainda dava seus primeiros passos.
O bloqueio, que durou meses, irritou executivos da empresa de Zuckerberg, que interpretaram a decisão como um gesto do governo brasileiro para proteger o avanço do sistema público. Quando o WhatsApp Pay foi liberado, em 2021, o Pix já havia se consolidado como o principal meio de transferência no país, praticamente inviabilizando a entrada de concorrentes com escala semelhante.
Agora, essa insatisfação retorna com força. A inclusão do Pix no documento da Representação Comercial dos EUA (USTR) — órgão subordinado à Casa Branca — ocorre após a reaproximação entre Trump e os grandes nomes da tecnologia. Durante a posse do republicano, além de Zuckerberg, também estiveram ao lado do presidente nomes como Jeff Bezos (Amazon), Sundar Pichai (Google), Elon Musk (X e Tesla) e Tim Cook (Apple). O setor, que teve embates com Trump no passado, agora se alinha ao governo em troca de apoio a pautas estratégicas — entre elas, abrir espaço para os serviços americanos em mercados dominados por iniciativas estatais, como o Pix.
A crítica ao Brasil integra uma ofensiva mais ampla dos EUA, que também menciona a Rua 25 de Março, em São Paulo, como centro de comércio de produtos falsificados e acusa o país de falhar na proteção da propriedade intelectual. A área digital é um dos principais focos da disputa, com Washington questionando decisões brasileiras como a recente mudança na interpretação do Marco Civil da Internet pelo STF, que ampliou a responsabilidade das plataformas sobre conteúdo ilegal, mesmo sem ordem judicial.Além disso, pesam na relação bilateral as propostas de regulação da inteligência artificial em debate no Congresso e a nova agenda do Brics sobre soberania digital, considerada pelos EUA como barreira à atuação de suas big techs.
Fontes do governo brasileiro avaliam que a citação ao Pix no processo comercial é resultado direto de pressão de empresas como Visa e Mastercard, que também perderam espaço com a expansão do sistema instantâneo. A avaliação interna é que a acusação não deve prosperar na Organização Mundial do Comércio (OMC), mas representa um sinal de que o Brasil está sob vigilância em áreas onde optou por desenvolver soluções próprias em vez de abrir o mercado às gigantes americanas.
❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com [email protected].
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: