Trump pressiona por cortes de juros e celebra renúncia de governadora do Fed
Adriana Kugler deixa o conselho antes do fim do mandato e abre espaço para Trump nomear aliado favorável à redução dos juros
247 - A renúncia da economista Adriana Kugler ao cargo de governadora do Federal Reserve foi anunciada oficialmente na sexta-feira (1º), criando uma oportunidade política significativa para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que busca nomear um substituto mais alinhado à sua estratégia de corte de juros, informa o jornal O Globo.
Kugler, que assumiu o cargo em setembro de 2023 e tinha mandato até janeiro de 2026, oficializou sua saída por meio de uma carta enviada a Trump, na qual afirmou: “Foi uma honra imensa servir no Conselho de Governadores do Federal Reserve. Sinto-me especialmente honrada por ter atuado em um momento crucial, contribuindo para cumprir nosso duplo mandato de conter a inflação e manter um mercado de trabalho forte e resiliente”.
Embora não tenha especificado os motivos de sua decisão, Kugler já estava ausente da última reunião do Fed por “motivo pessoal”, segundo a instituição. Sua renúncia entra em vigor no próximo dia 8 de agosto, e ela retomará seu posto como professora na Universidade de Georgetown.
Trump intensifica pressão sobre Powell - A saída de Kugler ocorre em meio a uma escalada de críticas de Trump ao presidente do Fed, Jerome Powell. Ao deixar a Casa Branca, o presidente declarou a jornalistas estar “muito feliz” com a nova vaga e sugeriu que Kugler “discordava de ‘Too Late’” — apelido depreciativo que tem usado para se referir a Powell, segundo o O Globo.
Em suas redes sociais, Trump foi mais direto: “Powell deveria renunciar, assim como Adriana Kugler, indicada por Biden, renunciou. Ela sabia que ele estava tomando a decisão errada sobre as taxas de juros. Ele também deveria renunciar”.
Trump defende cortes agressivos nos juros, algo que o Fed, liderado por Powell, tem resistido a implementar. Após a decisão da última quarta-feira (30) de manter as taxas inalteradas, o presidente aumentou o tom de suas críticas. Em uma publicação, afirmou que se Powell “continuar a recusar” os cortes, “o conselho deveria assumir o controle e fazer o que todo mundo sabe que precisa ser feito”.
Ainda nesta sexta-feira, após a divulgação de dados fracos sobre o emprego, Trump declarou que está instruindo sua equipe a demitir o comissário do Escritório de Estatísticas do Trabalho e voltou a pedir a saída de Powell: “Ele também deveria ser colocado ‘para pastar’”.
Em entrevista à Newsmax, Trump declarou que “muito provavelmente” não irá destituir Powell antes do fim do mandato, em maio de 2026. “Eu o removeria num piscar de olhos, mas dizem que isso perturbaria o mercado, e ele sai em sete ou oito meses, e então colocarei outra pessoa”.
Reação dos mercados e cenário político - A renúncia de Kugler provocou movimentação imediata nos mercados financeiros. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano com vencimento de dois anos — sensíveis à política de juros — caíram até 29 pontos-base, maior recuo desde dezembro de 2023. O índice Bloomberg Dollar Spot fechou com queda de quase 0,9%, refletindo o aumento das apostas em cortes na taxa básica ainda este ano.
Atualmente, o mercado projeta com 90% de probabilidade que o Fed reduza os juros em 0,25 ponto percentual já na próxima reunião, marcada para setembro. A expectativa é de que dois cortes aconteçam até o fim de 2025.
A pressão política de Trump também se relaciona com a sucessão de Powell. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, o governo poderá nomear agora um novo membro para o lugar de Kugler e, posteriormente, indicá-lo à presidência do Fed. “Estamos montando uma lista muito boa de candidatos. Espero que possamos fazer esse anúncio até o final do ano”, afirmou Bessent à CNBC.
Entre os cotados para assumir o comando do banco central estão Kevin Hassett, diretor do Conselho Econômico Nacional; Kevin Warsh, ex-governador do Fed; Christopher Waller, atual membro do conselho; e o próprio Bessent.
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