Desemprego sobe nos EUA e criação de empregos decepciona em julho
Abertura de vagas foi de apenas 73 mil, bem abaixo das expectativas; taxa de desemprego subiu para 4,2%, e mercado adia aposta em corte de juros
247 - A criação de empregos nos Estados Unidos voltou a decepcionar em julho e expôs sinais cada vez mais claros de desaceleração no mercado de trabalho. Segundo reportagem da agência Reuters, divulgada nesta sexta-feira (1º), o Departamento do Trabalho informou que foram abertas apenas 73 mil vagas fora do setor agrícola no último mês. O número ficou muito abaixo da previsão de analistas, que esperavam a criação de 110 mil postos.
Além do desempenho fraco em julho, o relatório revisou para baixo os dados de junho, reduzindo as contratações daquele mês de 147 mil para 14 mil. A taxa de desemprego, que havia caído para 4,1% em junho, voltou a subir, atingindo 4,2%. Desde maio de 2024, o índice tem oscilado em uma faixa estreita entre 4,0% e 4,2%.
As projeções dos economistas variavam entre estagnação e a criação de até 176 mil novas vagas, o que indica que o resultado ficou aquém até mesmo das previsões mais pessimistas. Diante do quadro, o Federal Reserve (Fed) decidiu nesta semana manter os juros na faixa entre 4,25% e 4,50%.
Confiança abalada no corte de juros
A decisão do Fed de manter as taxas foi acompanhada por declarações do presidente da instituição, Jerome Powell, que reduziram o otimismo dos mercados quanto a um possível início do ciclo de afrouxamento monetário em setembro. Powell avaliou que o mercado de trabalho está “em equilíbrio”, considerando a queda simultânea na oferta e na demanda por trabalho. No entanto, ele alertou: essa dinâmica “sugere um risco de queda”.
Apesar da estabilidade nos juros, o ambiente econômico pressiona o banco central. A imposição de novas tarifas comerciais pelo presidente Donald Trump intensifica as incertezas. Na quinta-feira (31), véspera do relatório de emprego, Trump anunciou taxas de importação de 35% sobre diversos produtos canadenses e sancionou medidas contra dezenas de parceiros comerciais. A medida, segundo analistas, pode gerar pressões inflacionárias, dificultando a retomada da política de corte de juros ainda em 2025.
Imigração em queda e força de trabalho reduzida
A escassez de mão de obra também foi agravada por fatores estruturais. A repressão à imigração promovida pela Casa Branca e a aposentadoria acelerada dos chamados “baby boomers” estão restringindo a disponibilidade de trabalhadores. Segundo especialistas ouvidos pela agência, com a redução nos fluxos migratórios, o país precisa agora criar menos de 100 mil empregos por mês apenas para manter a estabilidade da população economicamente ativa.
Em junho, parte da queda no desemprego foi explicada não por geração de empregos, mas pela saída de trabalhadores do mercado. Em julho, ainda que o número de novas vagas tenha sido positivo, o crescimento foi insuficiente para sustentar uma recuperação robusta.
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