Tarifaço de Trump é "uma mentira disfarçada para tentar mudar a geopolítica mundial", diz Lula
Presidente afirma que Brasil não aceitará imposições externas e promete proteger exportadores e trabalhadores diante das sanções dos EUA
247 - Em discurso nesta sexta-feira (29), em Contagem (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente a decisão do atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar produtos brasileiros. Segundo Lula, a medida é sustentada por uma "mentira disfarçada para tentar mudar a geopolítica mundial" e será enfrentada pelo governo com ações econômicas e políticas de defesa dos interesses nacionais. As declarações foram transmitidas em rede oficial e repercutidas pela imprensa.
O mandatário destacou que o Brasil já adotou medidas emergenciais para apoiar o setor produtivo. Entre elas, a liberação de R$ 30 bilhões em crédito para reduzir impactos sobre empresas e trabalhadores que atuam no comércio exterior. "O governo tem tomado todas as medidas para proteger nossos empresários exportadores e nossos trabalhadores", disse. Ele acrescentou que, além de recursos financeiros, a estratégia inclui a busca por novos mercados e a possibilidade de retaliação a produtos norte-americanos.
Críticas à postura dos EUA
Lula relatou dificuldades em negociar com representantes do governo Trump e apontou episódios de descaso diplomático. O presidente citou o cancelamento de uma reunião entre o secretário do Tesouro norte-americano e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, substituída por um encontro do secretário com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). "O Brasil não quer ser tratado como moleque. O Brasil já tem maturidade suficiente para ser respeitado. Não é porque alguém é mais rico que eu que pode falar grosso comigo**,** não", afirmou.
Ele reiterou que está disposto a dialogar, mas ressaltou que não encontra reciprocidade. "Quando quiserem negociar, o 'Lulinha paz e amor' está de volta. Não tenho problema**s** em negociar. O problema é que não **há** interlocutor", disse.
Defesa da soberania e críticas a Eduardo Bolsonaro
Outro ponto abordado por Lula foi a tentativa de interferência dos Estados Unidos em questões internas brasileiras. Segundo o presidente, Washington teria pressionado para que o Supremo Tribunal Federal suspendesse processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Lula classificou a situação como uma afronta à soberania nacional.
Ele também criticou a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de “o maior traidor da história desse país”, por buscar apoio internacional contra o Brasil. “Esse cidadão é para ser gravado como o maior traidor da história desse país”, disparou.
Perspectivas para o comércio exterior
O presidente ressaltou que, historicamente, os Estados Unidos já representaram 25% das trocas comerciais brasileiras, mas hoje respondem por apenas 12%. Desse total, 4% foram diretamente atingidos pelas tarifas impostas por Trump. Ele lembrou ainda que oito dos dez produtos mais exportados pelos norte-americanos para o Brasil entram sem qualquer tributação, o que, segundo ele, revela o desequilíbrio na relação.
Lula reforçou que o país continuará buscando novos parceiros comerciais e não permitirá retrocessos. "Isso aqui é uma República, não é uma republiqueta. Isso aqui é uma nação, e uma nação tem como paradigma o seu povo", concluiu.