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Ricardo Magro relata ameaças do PCC e perseguição empresarial

Advogado nega envolvimento com facção criminosa e afirma sofrer campanha difamatória de grandes grupos do setor de combustíveis

Ricardo Magro (Foto: Divulgação)

247 – O advogado Ricardo Magro, controlador do grupo Refit e da Refinaria de Manguinhos, concedeu entrevista à Folha de S.Paulo, para falar sobre os desdobramentos da Operação Carbono Oculto, que investiga a atuação do PCC, Primeiro Comando da Capital, no setor de combustíveis. 

Magro negou qualquer ligação com a facção e afirmou ser alvo de perseguição tanto de organizações criminosas quanto de grandes corporações que, segundo ele, buscam desgastar sua imagem, por meio do Instituto Combustível Legal (ICL).

 “Sou perseguido pelo Rubens Ometto por meio do ICL. Hoje, existem dois mercados, o do posto bandeira branca e o do posto embandeirado. Nós somos a sobrevida desse empresário. Eu sou um grande problema nessa briga. Por isso virou esse negócio meio doentio”, disse Magro.

Refit, PCC e a operação Carbono Oculto

A Refit, refinaria de Manguinhos controlada pelo grupo Fit, não foi alvo direto de busca e apreensão, mas apareceu nos documentos da investigação como sucessora da Copape, apontada como braço do esquema do PCC. Segundo os investigadores, o elo seria a distribuidora Rodopetro, que compra combustível da Refit e o revende aos postos.

Magro, porém, rejeita essa versão. Ele sustenta que nunca vendeu “uma gota” de combustível a postos ligados ao PCC e afirma que possui mecanismos de controle para barrar vendas suspeitas:

 “Nós temos uma blacklist. Levantamos quem são os laranjas, quem é ligado a qual família, cruzamos o CNPJ. Eu tenho controle de tudo isso. Se identificar algo, a venda é bloqueada”.

Ameaças, perseguição e acusações de difamação

Magro diz ter sido vítima de ameaças de morte e até de atentados após denunciar atividades criminosas no setor. “Eu sou a pessoa que mais combateu o PCC. Quando eles tentaram entrar no mercado do Rio de Janeiro, em 2021, comecei a trabalhar junto com a mídia para expor aquilo ao governo. Então, eles colocaram fogo em um dos nossos postos de gasolina e ameaçaram minha família”, relatou.

Além disso, acusa o Instituto Combustível Legal (ICL) de ter montado uma máquina de perseguição financiada com recursos públicos:

 “Em 2016, fiz uma denúncia ao TCU contra o Sindicom, hoje ICL. Gastaram na época sem controle R$ 150 milhões em um único ano, sendo que 90% era dinheiro da Petrobras. Mais da metade desse valor foi usado só para me perseguir”.

O ICL, por sua vez, afirmou em nota que atua em defesa de um mercado legal e ético, com apoio das autoridades, enquanto Rubens Ometto não se manifestou.

Trajetória polêmica e dívidas bilionárias

Ricardo Magro é frequentemente chamado de “maior sonegador do Brasil”, rótulo que ele rejeita. Segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a Refit acumula dívida de R$ 11,5 bilhões. Em São Paulo, deve R$ 9,5 bilhões e foi enquadrada pela Secretaria da Fazenda em um regime especial de cobrança.

O advogado, no entanto, diz que a dívida decorre de um modelo de mercado distorcido pela Petrobras:

 “A minha discussão tributária se dá por um único e exclusivo motivo: o subsídio da Petrobras. Nossa operação é transparente. Eu não tenho auto de infração. Não deixo de emitir nota. Não tomo crédito indevido”.

Relações políticas e defesa de sua imagem

Apontado como próximo de políticos do Progressistas e do PL, Magro nega relações com a família Bolsonaro e afirma manter amizade pessoal com o senador Ciro Nogueira, sem envolvimento promíscuo. Ele defende a regulamentação do lobby no Brasil para dar mais transparência às relações entre empresários e parlamentares.

 “Lamento que a regulamentação do lobby no Brasil não avance. Seria melhor para todo mundo, em especial para mim, que tenho menos força política e financeira e enfrento um gigante como Rubens Ometto, com muito dinheiro e muita mídia”.


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