Petrobras avalia retomar distribuição de combustíveis ao consumidor final
Estatal pode alterar plano estratégico para voltar ao setor de distribuição nos postos, quatro anos após privatização da BR Distribuidora
247 - A Petrobras estuda reingressar no mercado de distribuição de combustíveis no varejo, atendendo a demandas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da presidente da estatal, Magda Chambriard, por uma resposta aos altos preços praticados nos postos de combustíveis em todo o país.
Segundo a Folha de S. Paulo, o conselho de administração da companhia deve se reunir ainda nesta semana para discutir mudanças no plano estratégico da empresa para o período de 2026 a 2030. A principal proposta em análise é o retorno à atuação direta no varejo de combustíveis, abandonado em 2020 após a venda do controle da BR Distribuidora — hoje rebatizada de Vibra Energia — durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Possível mudança no plano estratégico - Ainda não há definição sobre como a Petrobras atuaria nesse eventual retorno. Fontes com conhecimento direto do tema, ouvidas sob condição de anonimato, indicam que as possibilidades vão desde a aquisição de uma participação minoritária na Vibra até a tentativa de retomar o controle da antiga subsidiária. Outra hipótese seria entrar no segmento por meio de nova estrutura ou parcerias, ampliando sua atuação integrada na cadeia energética nacional.
A proposta estaria alinhada ao plano de tornar a Petrobras uma companhia mais diversificada e com presença em todas as etapas da geração e fornecimento de energia.
Procurada, a Petrobras informou que não comentaria o assunto.
Reclamações de Lula - O presidente Lula tem se posicionado de forma contundente sobre o fato de os cortes nos preços dos combustíveis promovidos pela Petrobras no atacado não estarem chegando ao consumidor final. Durante evento no início de julho, ele disse: "não é possível que a Petrobras anuncia tanto desconto no óleo diesel e esse desconto não chega no consumidor". Ele ainda criticou o modelo de distribuição atual, resultante da privatização da BR: "hoje a Petrobras libera um botijão de gás de 13 quilos por R$ 37 e ele chega na casa de um pobre em outro estado a R$ 140".
Lula defende que a Petrobras volte a controlar os pontos de venda, o que, segundo ele, permitiria mais eficiência na entrega e menor impacto no preço para a população.
A presidente da estatal, Magda Chambriard, compartilha da preocupação. Ela também tem demonstrado insatisfação com o repasse limitado das reduções feitas pela Petrobras no atacado. A percepção dentro do governo é de que os preços continuam elevados por causa de múltiplas camadas no sistema de distribuição e da ação dos varejistas.
Em meio a esse cenário, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou em cena e solicitou a abertura de investigações sobre práticas anticoncorrenciais no setor de combustíveis. O objetivo é apurar se há omissão por parte de distribuidores e donos de postos em repassar os descontos da Petrobras ao consumidor.
Licença de marca prestes a vencer - Atualmente, a Vibra Energia — ex-BR Distribuidora — ainda opera utilizando a marca Petrobras, com validade contratual até 2029. No entanto, a estatal já notificou a empresa, no ano passado, informando que não pretende renovar a licença de uso da marca nos moldes atuais, o que pode ser mais um indício de que a companhia pretende reposicionar sua marca no mercado de varejo.
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