Novo leilão confirma avanço de multinacionais sobre o pré-sal, diz FUP
Federação aponta perdas à soberania energética e defende papel estratégico da Petrobras após resultado do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha
247 - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) afirmou nesta quarta-feira (22) que o resultado do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha (OPP), promovido pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), confirma o avanço das petroleiras multinacionais sobre o pré-sal e evidencia fragilidades no atual modelo de partilha.
Em nota oficial, a FUP avalia que a flexibilização do regime de partilha, que retirou a obrigatoriedade de participação da Petrobras como operadora única, gera “perdas sobre o potencial energético do pré-sal e riscos à segurança energética nacional”.
“O modelo de Oferta Permanente de Partilha no pré-sal precisa ser revisto. O pré-sal deve ser tratado como um ativo estratégico da nação”, declarou o coordenador-geral da federação, Deyvid Bacelar.
Resultado abaixo do esperado
O leilão, realizado pela ANP nesta quarta-feira, contou com 15 empresas habilitadas, mas apenas sete blocos receberam declarações de interesse. No total, cinco blocos foram arrematados, o que representou R$ 103,7 milhões em bônus de assinatura para a União — um valor abaixo da arrecadação inicialmente prevista pelo governo.
Segundo a FUP, o resultado reforça que a ausência de um papel protagonista da Petrobras no pré-sal fragiliza a política energética brasileira e reduz o retorno estratégico para o país.
“Mais uma vez, vemos o avanço das petroleiras multinacionais sobre o pré-sal, facilitado por mudanças que reduziram o controle estatal sobre essa riqueza”, afirmou Bacelar.
Participação da Petrobras
A Petrobras teve uma participação considerada tímida no certame. A estatal arrematou dois blocos — Citrino e Jaspe. No primeiro, atuará como operadora única, e no segundo formará consórcio com a Equinor, com 40% de participação.
Para esses blocos, a Petrobras desembolsou cerca de R$ 37 milhões em bônus de assinatura e ofertou um excedente em óleo médio de 32%, valor que, segundo a FUP, é três vezes superior ao das ofertas feitas pelas petroleiras privadas.
A federação ressalta que o leilão marca o retorno da Petrobras aos certames do pré-sal, após um hiato desde 2023, mas reforça a necessidade de revisar o modelo vigente para fortalecer o protagonismo da estatal e assegurar a soberania energética nacional.


