Magda Chambriard reforça cobrança pela licença da Margem Equatorial

247 – A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que o governo está próximo de chegar a um consenso sobre a liberação da licença ambiental para perfuração de poços na Margem Equatorial, área estratégica para a segurança energética do Brasil. A declaração foi dada em entrevista ao jornal O Globo, na qual a executiva destacou que “o debate hoje já está beirando o consenso”, apesar da resistência do Ibama.

Magda ressaltou que a ausência de licença para a exploração na Bacia da Foz do Amazonas tem causado impactos financeiros significativos à estatal. “O impacto é uma sonda parada que, entre os custos de bens e serviços e a sua diária, chega a R$ 4 milhões por dia”, afirmou. A etapa decisiva será a Avaliação Pré-Operacional (APO), marcada para 12 de agosto, na qual serão testados os mecanismos de proteção da fauna em caso de acidentes.

A executiva reforçou que a exploração da Margem Equatorial é essencial para garantir segurança energética ao país, ao lado da ampliação da matriz renovável. “O país entende essa necessidade e a coexistência com a ampliação das energias renováveis e a produção do petróleo”, disse. Ela lembrou que os principais argumentos contrários à perfuração, como a presença de corais na região, “foram caindo um por um”.

Durante a entrevista, Magda também abordou outros temas sensíveis para a Petrobras. Ela criticou os efeitos da venda da BR Distribuidora (atual Vibra), que reduziu a capacidade de o Estado influenciar o preço final dos combustíveis. “Quando a gente tem reduções sensíveis, o consumidor não tem a percepção disso porque ela fica no meio do caminho”, explicou. A presidente revelou incômodo com o uso da marca BR em postos que exibem valores considerados altos: “O que nos incomoda é a nossa marca exibir preços de combustíveis que a gente considera elevados”.

A estratégia da Petrobras para os próximos anos será marcada por eficiência e seletividade em investimentos. O plano de negócios 2025-2029 prevê US$ 111 bilhões em projetos, priorizando os de maior retorno econômico. “Alguns projetos estão voltando para a prancheta”, disse Magda, ressaltando que a companhia não pretende aumentar o endividamento para executar o plano.

A presidente também destacou que cerca de um terço dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento está direcionado à transição energética, com foco na produção de querosene de aviação sustentável (SAF). Segundo ela, a Petrobras busca se antecipar à demanda prevista para 2027, quando passará a ser exigido que 1% do combustível utilizado pela aviação seja renovável.

Sobre a Braskem, Magda reforçou que a estatal quer preservar sinergias e exercer maior influência na gestão da petroquímica. “Não é útil para a gente uma Braskem independente demais porque a gente perde essa sinergia. E perdendo sinergia, você deixa dinheiro sobre a mesa”, afirmou.

Ao abordar o cenário internacional, Magda minimizou os efeitos das tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às exportações brasileiras. Ela lembrou que apenas 10% das exportações da Petrobras têm como destino os EUA e que a companhia pode facilmente redirecionar o petróleo e a gasolina para a Ásia, especialmente Índia e China.

Com a expectativa de que a licença para a Margem Equatorial seja liberada em breve, Magda Chambriard disse esperar que esse seja apenas um dos marcos de sua gestão. “Espero entregar a Petrobras com mais produção, menor custo, mais integrada e conhecida pela sociedade”, concluiu.