Lula e Silveira reativam Conselho Nacional de Política Mineral em meio à disputa global por minerais estratégicos
Governo vê interesse dos EUA no setor como oportunidade de negociação sobre tarifas e busca definir estratégia nacional para exploração sustentável
247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participam nesta quinta-feira da primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), órgão criado para definir políticas públicas voltadas ao setor mineral e reativado após mais de dois anos de inatividade.
De acordo com reportagem publicada por O Globo, o encontro ocorre em um contexto de forte interesse dos Estados Unidos na exploração de minerais críticos e estratégicos no Brasil. O governo brasileiro, por sua vez, enxerga essa aproximação como uma oportunidade de negociação diplomática para tentar reverter as tarifas impostas a produtos nacionais.
Os chamados minerais críticos — como lítio, nióbio, cobre e terras raras — são considerados essenciais para a transição energética global e o avanço de indústrias de alta tecnologia. A disputa por esses insumos tornou-se um dos eixos centrais da rivalidade geopolítica entre Estados Unidos e China, e o Brasil é visto como um dos poucos países capazes de ampliar a oferta mundial de forma sustentável.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil detém cerca de 10% das reservas mundiais desses recursos, embora sua produção atual represente apenas 0,09% da oferta global. O objetivo do CNPM é justamente delinear estratégias para que o país amplie sua produção e aproveite o potencial econômico e geopolítico do setor.
O ministro Alexandre Silveira destacou, durante audiência pública na Câmara, que discutirá o tema diretamente com o governo do presidente Donald Trump ainda neste mês. Ele foi convidado para uma reunião com o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, em que serão abordadas as possibilidades de cooperação bilateral no campo energético e mineral.
Criado em 2022, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Conselho não havia sido implementado até então. Ao reassumir o comando do país, o presidente Lula determinou a revisão da estrutura e das atribuições do órgão, agora fortalecido como instrumento estratégico da política mineral brasileira.
Conforme o decreto de reativação, o CNPM será composto por representantes de 16 ministérios, entre eles os de Relações Exteriores, Fazenda, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Indústria, Justiça, Integração e Casa Civil, além do Gabinete de Segurança Institucional. O colegiado será presidido por Alexandre Silveira e contará também com representantes de municípios mineradores, universidades, especialistas e entidades da sociedade civil, com mandatos de dois anos.
O relançamento do Conselho reforça a estratégia do governo de posicionar o Brasil como protagonista na nova economia global baseada em energia limpa, inovação tecnológica e exploração responsável de recursos naturais.