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Lula e Silveira reativam Conselho Nacional de Política Mineral em meio à disputa global por minerais estratégicos

Governo vê interesse dos EUA no setor como oportunidade de negociação sobre tarifas e busca definir estratégia nacional para exploração sustentável

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante cerimônia de Entregas do Governo Federal ao Vale do Jequitinhonha. Parque de Eventos de Minas Novas, Minas Novas - MG. 
Foto: Ricardo Stuckert / PR (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

247 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, participam nesta quinta-feira da primeira reunião do Conselho Nacional de Política Mineral (CNPM), órgão criado para definir políticas públicas voltadas ao setor mineral e reativado após mais de dois anos de inatividade.

De acordo com reportagem publicada por O Globo, o encontro ocorre em um contexto de forte interesse dos Estados Unidos na exploração de minerais críticos e estratégicos no Brasil. O governo brasileiro, por sua vez, enxerga essa aproximação como uma oportunidade de negociação diplomática para tentar reverter as tarifas impostas a produtos nacionais.

Os chamados minerais críticos — como lítio, nióbio, cobre e terras raras — são considerados essenciais para a transição energética global e o avanço de indústrias de alta tecnologia. A disputa por esses insumos tornou-se um dos eixos centrais da rivalidade geopolítica entre Estados Unidos e China, e o Brasil é visto como um dos poucos países capazes de ampliar a oferta mundial de forma sustentável.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil detém cerca de 10% das reservas mundiais desses recursos, embora sua produção atual represente apenas 0,09% da oferta global. O objetivo do CNPM é justamente delinear estratégias para que o país amplie sua produção e aproveite o potencial econômico e geopolítico do setor.

O ministro Alexandre Silveira destacou, durante audiência pública na Câmara, que discutirá o tema diretamente com o governo do presidente Donald Trump ainda neste mês. Ele foi convidado para uma reunião com o secretário de Energia dos Estados Unidos, Chris Wright, em que serão abordadas as possibilidades de cooperação bilateral no campo energético e mineral.

Criado em 2022, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, o Conselho não havia sido implementado até então. Ao reassumir o comando do país, o presidente Lula determinou a revisão da estrutura e das atribuições do órgão, agora fortalecido como instrumento estratégico da política mineral brasileira.

Conforme o decreto de reativação, o CNPM será composto por representantes de 16 ministérios, entre eles os de Relações Exteriores, Fazenda, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Indústria, Justiça, Integração e Casa Civil, além do Gabinete de Segurança Institucional. O colegiado será presidido por Alexandre Silveira e contará também com representantes de municípios mineradores, universidades, especialistas e entidades da sociedade civil, com mandatos de dois anos.

O relançamento do Conselho reforça a estratégia do governo de posicionar o Brasil como protagonista na nova economia global baseada em energia limpa, inovação tecnológica e exploração responsável de recursos naturais.

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