Inflação dos EUA permanece em 2,7% em julho apesar das tarifas de Donald Trump

247 - A inflação anual dos Estados Unidos manteve-se em 2,7% em julho, contrariando as expectativas de analistas de que as tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump acelerariam a alta de preços. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho (Bureau of Labor Statistics) e reportados pelo Financial Times, o resultado ficou estável em relação a junho e abaixo da projeção de 2,8% feita por economistas consultados pela Bloomberg.

Trump adotou tarifas como estratégia para remodelar as relações comerciais dos EUA com seus parceiros internacionais, o que gerou alertas sobre possíveis impactos inflacionários internos. Em junho, a inflação já havia registrado aumento, interpretado por especialistas como um dos primeiros sinais da transferência dos custos da guerra comercial para o consumidor americano.

A divulgação dos números acontece em um contexto de mudanças na chefia do órgão responsável pelas estatísticas. No início de agosto, Trump demitiu o então diretor do BLS após o relatório de empregos de julho apontar uma forte desaceleração nas contratações durante o verão. Um dia antes da divulgação dos dados de inflação, o presidente anunciou a nomeação de E.J. Antoni, integrante da conservadora Heritage Foundation, para comandar a agência.

Paralelamente, Trump intensificou sua pressão sobre o presidente do Federal Reserve, Jay Powell, para reduzir as taxas de juros, atualmente entre 4,25% e 4,5%, em até três pontos percentuais. A maioria dos integrantes do comitê do Fed, porém, defende adiar cortes até que o impacto das tarifas na inflação seja mais claro. Parte dos formuladores de política monetária acredita que os efeitos dos impostos comerciais sobre os preços serão limitados, enquanto outros ainda veem risco de alta nos índices.

Este cenário mantém o debate sobre a política econômica no centro da disputa entre a Casa Branca e o Federal Reserve, num momento em que os dados indicam estabilidade inflacionária, mas persistem incertezas sobre o efeito das medidas protecionistas no custo de vida dos americanos.