Holding estuda venda do controle da Reag Investimentos em meio a investigação da PF
Gestora, que já foi a maior independente do país, avalia mudanças estratégicas após ser alvo da Operação Carbono Oculto
247 - A Reag Holding, acionista controladora da Reag Investimentos, informou nesta segunda-feira (1) que iniciou negociações para vender a participação que garante o controle da gestora de investimentos. A notícia foi divulgada em fato relevante ao mercado, no mesmo horário de abertura do pregão, segundo o jornal O Globo.
De acordo com o comunicado, ainda não há certeza de que as tratativas resultarão em um acordo, mas a holding já abriu informações sob cláusulas de confidencialidade para potenciais compradores. Atualmente, a Reag Holding detém 63,93% das ações da gestora, enquanto pessoas vinculadas à companhia possuem outros 23,45%. A tesouraria administra 0,14% e 11,68% do capital está em livre circulação.
Operação Carbono Oculto e impacto no mercado
O anúncio ocorre poucos dias após a Operação Carbono Oculto, deflagrada pelo Ministério Público em conjunto com a Polícia Federal. A ação cumpriu mandados de busca e apreensão na sede da Reag Investimentos, sob suspeita de que onze fundos da gestora tenham sido usados para ocultar bens de origem ilícita, como imóveis, veículos e até usinas de álcool.
A investigação acendeu um alerta no mercado financeiro, já que a Reag, fundada em 2012, construiu uma trajetória meteórica e se consolidou como uma das maiores assets independentes do Brasil.
Crescimento acelerado e destaque na Faria Lima
A Reag chamou a atenção de seus concorrentes ao adotar uma estratégia agressiva de expansão. Apostou na compra de mandatos de fundos exclusivos — veículos criados para famílias de alta renda, com apenas um cotista — e na aquisição de gestoras menores. Em pouco mais de uma década, passou a figurar entre as principais administradoras de recursos, atrás apenas das gestoras ligadas a grandes bancos.
Até julho deste ano, a Reag liderava o ranking de assets independentes no Brasil, administrando R$ 341,5 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Sua carteira reúne recursos de investidores individuais, fundos de pensão e grandes instituições financeiras, distribuídos em mais de 500 fundos.
Entrada polêmica na Bolsa
Em janeiro, a Reag tornou-se a primeira gestora de fortunas e de investimentos a ter ações listadas na B3. Mas a estreia na bolsa ocorreu por meio de uma manobra conhecida como “barriga de aluguel”. A empresa começou a adquirir gradualmente ações da GetNinjas, plataforma de contratação de serviços, até assumir seu controle.
Com isso, utilizou a estrutura da GetNinjas para ingressar no pregão, estratégia que despertou desconfiança no mercado. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu investigação para apurar a operação, já que não ficou claro desde o início o interesse da Reag em assumir a empresa de tecnologia.